Por Guilherme Davoli
Psicólogo / Consultor Educacional

A ideia da chamada “Escola de Pais” não se basta em apenas apresentar conceitos novos e/ou antigos de como deve ser a forma mais adequada de educação, visto que desconhecemos o mundo em que nossos futuros adultos terão que viver e atuar.
Essa empreitada visa, sim, o debate entre profissionais e familiares para a qualificação desses jovens estudantes diante das variáveis da vida profissional e social, que se avizinha, com suas diferentes e estimulantes dificuldades.
Se há algumas décadas destacava-se a importância da “família de sangue”, com seus hábitos e sistemas de proteção, hoje observamos essas estruturas se moldando às necessidades reais em que muitos filhos, por questões de estudos, profissão ou até mesmo simples opção, acabam por se distanciarem de seus ninhos para se aventurarem por outros caminhos muitas vezes inesperados. Se antes a palavra “distante” significava poucos quilômetros ou milhas, hoje podem significar troca de continentes, por pequenos períodos ou até mesmo por toda uma vida, e a questão não é o quando concordamos ou discordamos dessa realidade, mas sim o quanto contribuímos para que essa transição seja suave e madura.
Como disse José Saramago, “filhos são seres emprestados...”. Não somos donos, mas temos a obrigação de capacitá-los para os desafios que enfrentarão em um futuro que parece estar cada vez mais próximo e assustador.
Participar de um evento como a “escola de pais” é assumir que em um mundo de constante transição chega a ser um absurdo simplesmente dizer que “lá em casa é assim e pronto”, essa possibilita aos pais uma melhor estruturação de suas tomadas de decisão em família, bem como o essencial ajuste da parceria com a escola.
Uma família disposta a conhecer e se abrir para as novidades tecnológicas e sociais, sem perder suas raízes, sempre será mais equilibrada e preparada para compartilhar suas experiências com aqueles que passarem por ela.
Quanto mais nossos filhos assistem nossa predisposição às parcerias, sem medo ou preconceitos, mais fortalecidos estão para receber, avaliar e se adaptarem às novidades.
Filhos que crescem em um ambiente aberto às novidades, mas sempre atentos a valores consistentes, são mais resistentes às frustrações e aptos a intervir no mundo em que estão inseridos.
Escola não é um lugar de aprendizagem, mas um espírito constante do hábito de aprender e ensinar. Como disse a poetiza Cora Coralina, “feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.