Em Toronto, no Canadá, os termômetros chegaram a marcar -16º, mas o frio não assustou os 15 estudantes maranhenses que embarcaram no sonho do intercâmbio pelo programa Cidadão do Mundo, do Governo do Estado. Além deles, mais 65 estudantes universitários estão estudando idiomas em diferentes países com o suporte do Estado nesta terceira edição do programa. Esta semana, eles começaram a retornar ao Maranhão e trazem na bagagem muito aprendizado e a vontade de contribuir para mudanças efetivas no estado.
Com a população estimada de 2,7 milhões de pessoas, Toronto é uma das cidades escolhidas como destino do programa sendo conhecida como a cidade mais multicultural do Canadá, já que estimula a imigração e recebe de braços abertos visitantes de todo o mundo. Por três meses, a cidade foi o lar dos jovens maranhenses que puderam experimentar a rotina em outro país, com outros costumes, novas influências e a imersão completa em outra língua. Como saldo, mais facilidade para aprender inglês, novos olhares sobre o mundo e perspectivas para o futuro.
Foi o que relatou a estudante de Medicina da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Ana Beatriz, 23 anos. A mãe da jovem trabalha numa lanchonete e o pai é motorista de ambulância. Com a renda destinada à manutenção da família, o sonho de Ana Beatriz parecia distante, mas foi transformado em realidade com o programa Cidadão do Mundo.
"Eu tinha o sonho de conhecer o Canadá, mas sabia que era impossível. Agora pude realizá-lo e a experiência tem sido incrível, todo dia aprendo uma coisa nova. Meu inglês melhorou muito e minha percepção sobre o mundo também. Foi um grande desafio, alcançado com sucesso", contou a jovem, que é motivo de orgulho para os pais e um exemplo para o bairro de onde veio: o Monte Castelo, em São Luís.
Para o estudante de Psicologia da UFMA, Luís Sousa, 21 anos, a oportunidade conferida pelo Cidadão do Mundo garante a quem sempre esteve à margem de importantes políticas públicas ter acesso ao que costumava ser privilégio de poucos. "Eu estar aqui significa muito para a minha família e meus amigos, mas também representa um novo ciclo para uma comunidade e um estrato social que está acostumado a sofrer, a ser alvo de maltrato, a se submeter a trabalhos desumanos, abaixar a cabeça e dizer 'sim senhor' e a gente poder estar aqui quebra esse paradigma", contou Luís, ao lembrar da importância coletiva da experiência.
Posicionamento semelhante é compartilhado pela estudante de Direto da UFMA, Tallyta Leite, 22 anos. De família oriunda da Baixada Maranhense, ela integra a primeira geração que chegou à universidade e a primeira a realizar uma viagem ao exterior. "Se duvidar, meus pais estão mais felizes do que eu. É um importante passo alcançado. E somos gratos", comentou.
Aprendizado
O dia a dia em um país que por condições históricas alcançou outros patamares de desenvolvimento contribui para o aperfeiçoamento profissional de cada estudante e como estímulo transformador do lugar de onde vieram. O engenheiro Israel Corrêa é estudante de Mestrado em Meio Ambiente e tem como objeto de pesquisa a coleta seletiva, que é uma experiência exitosa em Toronto. "Casou com minha pesquisa. Pude absorver muita coisa boa aqui que vou levar de volta. Acho que a gente tem a missão de promover e mudar um pouco da realidade do nosso estado", defendeu.
Entre os alunos existe um sentimento comum ao voltar para o Maranhão: multiplicar a experiência e contribuir para a transformação do estado. "O Maranhão é meu lar", asseguram satisfeitos.
3ª edição do Cidadão do Mundo
Realizado pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, o programa Cidadão do Mundo chegou à terceira edição este ano e os 80 jovens selecionados tiveram a oportunidade de aprender uma língua estrangeira. Desta vez, foram oferecidas vagas para inglês, francês e espanhol, vivenciadas nas cidades de Madri (Espanha), Toronto e Quebec (Canadá), Boston (Estados Unidos) e Cidade do Cabo (África do Sul). Os estudantes embarcaram no começo de outubro e começaram a retornar ao Maranhão esta semana. No dia 25, retornaram os estudantes que estavam na Espanha; depois, no dia 26, os que fizeram intercâmbio no Canadá e na África do Sul. A última turma, de 15 estudantes que estão nos Estados Unidos, retorna no domingo (31).
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