Cada vez que um agressor é punido e obrigado a se afastar de suas vítimas, um novo drama se instala na família da mulher vítima de violência doméstica. Sem o suporte financeiro do companheiro agressor, companheira e filhos estarão submetidos a uma situação de carência material, que vai desde a dificuldade em conseguir alimentos, às necessidades cotidianas mais simples, mas não menos importantes, como produtos de higiene e o material da escola das crianças.
Segundo pesquisa de um importante instituto mantido por uma grande companhia de cosméticos, 27% das mulheres vítimas de ameaças, violência física e/ou psicológica se recusam a largar seus agressores porque eles são os provedores da casa - mesmo em casos em que a mulher tem alguma renda. Marcadas no corpo e na alma, psicologicamente em frangalhos, elas ainda têm que suportar o constrangimento e a humilhação de continuar vivendo no mesmo espaço de seus algozes.
Maior parte das mulheres agredidas pelos companheiros têm baixa renda e pouco estudo, e quase nenhuma qualificação profissional.
Essa triste e chocante realidade despertou um sentimento de solidariedade e uma atitude concreta de cidadania em membros da rede de parceiros que lidam diariamente com casos de violência doméstica contra a mulher em Imperatriz.
Idealizado pela Vara Especial da Mulher, com apoio da Promotoria Especializada da Mulher, um primeiro passo já foi dado para ajudar, com medidas sociais e de caráter afirmativo, mulheres vítimas de violência. É o projeto “Justiça Social – Além dos Limites Processuais”.
“Percebemos que não bastava apenas punir o agressor, na forma fria da Lei, afastando ele de sua vítima, por exemplo. Mas também tomara uma iniciativa prática para ajudar essas mulheres e seus filhos”, explica a juíza Sara Gama, da Vara Especial da Mulher.
Com a ajuda de órgãos públicos, entidades de defesa dos direitos da mulher e parceiros individuais e da iniciativa privada, o projeto tem ajudado dezenas de vítimas com a distribuição regular de cestas básicas e cursos profissionalizantes.
“Como não somos uma ONG, não temos CNPJ, não podemos firmar convênios com instituições que ofereçam cursos profissionalizantes, como por exemplo o Senac, por isso partimos para as parcerias com a sociedade. Esse é um projeto essencialmente tocado pela sociedade”, esclarece a juíza.
O segundo passo agora é qualificar, dar uma profissão a essas mulheres vítimas de violência, para que elas possam de profissionalizar e ter emprego e renda para sustentar seus filhos longe de seus agressores.
“Precisamos quebrar esse círculo de violência. É uma questão que diz respeito a toda a sociedade”, afirma Sara Gama.
A Vara Especial da Mulher de Imperatriz realiza levantamento em seu acervo de 600 processos e até agora traçou o perfil sócio-econômico de cerca de 100 mulheres vítimas de violência doméstica.
Quinze mulheres já manifestaram o desejo de participarem de algum curso profissionalizante.
“Iniciamos esse trabalho com quatro mulheres. É um começo pequeno, mas é um começo”, declara a juíza.
Chá beneficente
Nesta quinta-feira, 8, Dia Internacional da Mulher, a Vara Especial da Mulher e um grupo de parceiros realizam o I Chá Beneficente para 200 pessoas com o objetivo de criar um fundo para custear o pagamento de cursos profissionalizantes para mulheres vítimas de violência doméstica.
O dinheiro arrecadado será administrado por uma comissão formada pela juíza Sara Gama, um membro do Ministério Público e representantes da sociedade.
“Daremos a maior transparência e divulgação possível ao projeto. Como disse, é um projeto da sociedade, por isso é importante que a sociedade participe, se interesse, venha conosco participar dessa causa”, ressalta a juíza.
A ação seguinte será lançar uma campanha para conhecimento público e uma convocação para que todas as mulheres vítimas de violência – não só as cadastradas no levantamento sócio-econômico – que queiram se qualificar em algum curso profissional procurem a Vara Especial da Mulher, onde serão atendidas conforme a demanda e a disponibilidade de recursos.
Serviço
I Chá Beneficente da Vara Especial da Mulher e Parceiros
Local: Colonial Eventos
Dia: 8 de março (quinta-feira)
Horário: A partir das 18h
Os convites podem ser adquiridos nos seguintes locais: Vara Especial da Mulher, Casa da Amizade, MM Jóias, O Boticário, Lacqua Di Fiori, Iana Calçados, Art Passo, Noivas e Noivos e Cerimonial Mara La Rocque.
Informações: 2101-4519 (Vara Especial da Mulher)
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