A história do CCN Negro Cosme começa em 1990, quando um pequeno grupo de professores e universitários da UEMA (Universidade Estadual do Maranhão) viu a necessidade de discutir sobre discriminação e exclusão racial. Dessas discussões surgiu a Semana Municipal da Consciência Negra.
Esse evento nasceu com a finalidade de mostrar à sociedade as dificuldades vividas historicamente pelos negros. Ele acabou por estabelecer as bases para a fundação, no dia 27 de março de 2002, do Centro de Cultura Negra Negro Cosme.  A instituição passou a organizar anualmente, em parceria com escolas da cidade, a Semana Municipal da Consciência Negra.
O primeiro presidente da entidade foi Mariano Dias, vereador responsável pelo projeto que criou a Semana Municipal da Consciência Negra. Mariano ficou durante dois anos na presidência, sendo substituído pela também militante da causa negra, Maria Luísa Rodrigues de Sousa, que permaneceu no cargo do ano de 2004 até 2008. Quem assumiu essa responsabilidade pelos oito anos seguintes foi Isaura Silva, que foi substituída então, no ano de 2012 por Doralice de Assunção Mota, atual presidente da instituição.
Para Doralice Mota: "a presidência tem o papel fundamental de articular os demais membros do CCN, porém o trabalho precisa ser discutido e elaborado em conjunto, com todos os membros da instituição". As reuniões para definir as ações a serem desenvolvidas acontecem sempre na escola Dorgival Pinheiro de Sousa, onde funciona o Centro.  
Um caminho encontrado para alcançar toda a comunidade é com a realização de palestras e debates nas escolas e universidade de Imperatriz. "Por esse motivo as ações do CCN Negro Cosme são, na maioria das vezes, voltadas para o campo educacional, porém objetivam conscientizar toda a comunidade", afirma Doralice.
Desde a sua fundação, o CCN Negro Cosme já organizou 12 edições do principal evento com temática étnico-racial da cidade de Imperatriz. A Semana Municipal da Consciência Negra, com uma programação que inclui debates, palestras, desfile de beleza negra, e apresentações culturais, mobiliza toda a comunidade imperatrizense.
O CCN Negro Cosme foi essencial na criação de outros órgãos voltados para a temática étnico-racial. Estimulou e reivindicou, por exemplo, a criação da Coordenação da Educação da Igualdade Racial de Imperatriz (CEIRI). Essa instituição visa por em prática a Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana nas escolas estaduais.
Marcas da África na Cultura Local
Imperatriz, com sua produção cultural diversificada é marcada pela Cultura Negra em diferentes aspectos. A cidade conta, por exemplo, com grupos de Dança do Maculelê, Hip-Hop, Dança do Lindô e Cacuriá. A literatura, culinária, capoeira, artes plásticas e cênicas também têm seus representantes voltados para a temática étnico-racial na cidade.
O Grupo Teatral Trupe de Quimera surgiu em outubro de 2012, em uma reunião do CCN Negro Cosme. Era clara a necessidade de um grupo para realizar as atividades cênicas do Centro e da Escola. Então, Domingos de Almeida, universitário e membro do CCN Negro Cosme, se propôs a desenvolver essas atividades. "Eu sou militante do CCN, e vi na minha formação que é teatro, a possibilidade de colaborar de forma mais significativa para a causa negra aqui em Imperatriz", explica Domingos.
Atualmente, o Trupe de Quimera conta com 13 atores, incluindo Domingos de Almeida, que é o diretor de teatro e Daniela Sousa, monitora do Projeto. O trabalho com a Cultura Negra é feito para mostrar a sua colaboração na cultura local. "A influência mais visível do CCN no nosso trabalho é os temas que abordamos, todos voltados para a valorização do negro e a exibição dele de forma positiva", complementa o diretor de teatro.
Esse é somente um dos vários grupos que trabalham com a causa negra em Imperatriz. Ao longo de quatro anos de existência, o grupo ComCultura, da Universidade Federal do Maranhão, mapeou diversas manifestações culturais da cidade. Entre os grupos pesquisados estão, por exemplo, o Movimento do Divino Espírito Santo, o Grupo de Danças Populares da Dona Francisca do Lindô e a Companhia Sotaque de Rua.
Para Hyana Reis, estudante de Jornalismo e voluntária do Projeto ComCultura, a cultura negra tem grande influência na cidade. "Notamos que a ela está enraizada principalmente na cultura popular, e se mantém viva graças também a população", afirma a estudante e pesquisadora.
Com seu acervo bibliográfico disponibilizado para a comunidade, palestras nas escolas e incentivo a cultura, o CCN Negro Cosme dá continuidade ao seu trabalho. Nesses 11 anos de caminhada, ele tem ajudado a tornar real a manifestação da Cultura Negra local.

(Sabrina Chamorro e Karla Mendes)