“Seu” Cazuza: “Eu amo Imperatriz, no Maranhão pra mim não tem outra”

Piauiense da cidade de Regeneração, nas proximidades de Teresina, Antônio Vieira Rocha, 76 anos, é mais um de nossos personagens que saiu de sua terra e passou por diversos outros lugares até chegar a Imperatriz.
Antônio Vieira, o Cazuza – apelido que herdou de um tio, ainda na infância – aos doze anos mudou da cidade natal, onde os pais eram agricultores, para morar em Amarante (PI), onde começou a trabalhar na roça. Conta ele que plantava feijão, arroz, milho e mandioca. O pai produzia farinha, da produção saía a renda que sustentava toda a família: “Meu pai trabalhava na farinhada, de dois a três meses no ano. Na nossa terrinha, tinha uma média de dezesseis olhos d’água, fazia gosto de ver de tão limpa a água”, lembra.
Um ano após mudar-se para Amarante, “seu” Cazuza arrumou as malas outra vez. Mudou-se para a cidade maranhense de Governador Eugênio Barros. No Maranhão morou também em Gonçalves Dias, Graça Aranha, Espírito Santo... até chegar à região do Mearim. Vendedor de miudezas, “seu” Cazuza percorria vários lugares vendendo seus produtos, a viagem era feita em lombo de animais. “Botava a mercadoria nos animais e saía viajando de uma cidade pra outra”. Numa dessas viagens, conheceu Maria Rita; um ano depois, eles casaram. “Seu Cazuza diz que, após o casamento, passaram ainda dois anos no ‘Mearim’ e ele resolveu então viajar para o sul do estado: “Eu já conhecia essa região. Quando era solteiro, eu passava por aqui [Imperatriz] pra chegar no garimpo de Chiqueirão, que hoje é Xambioá, lá era garimpo de cristal, mas eu trabalhava era em olaria, não achei cristal, não”, diz.
A princípio “seu” Cazuza estabeleceu morada em São Félix e em Coco Redondo (atual Coquelândia). “Aqui tinha muita terra, e terra sem dono, fiz minha roça, montei um comércio que mexia com babaçu... e com um ano eu voltei pra buscar a Rita, e junto comigo veio mais doze famílias, tudo do povo dela”.
Das terras de “seu” Cazuza até a sede do município de Imperatriz a locomoção só era possível a cavalo: “ A gente vinha de lá pro centro de Imperatriz em animal, era só uma vareda, onde hoje é a Estrada do Arroz. Naquele tempo, a Belém-Brasília tava ainda na Lagoa Verde, era o jeito vir pela estradinha”.
“Mas depois de um tempo, eu quis ir pra Xambioá-TO. Fui e parte da gente que veio comigo do Piauí foi também. Lá eu tive comércio, não deu roça, fiquei lá doze anos. Em 1972 em mudei pra Imperatriz. Morei na Dorgival, ali onde é o Posto Goiano, era meu aquele terreno. Depois fui morar na rua Piauí, fiquei lá treze anos... fiquei assim... eu tinha uma terra adiante de Açailândia, ia pra lá e deixava a família aqui, só vinha fim de semana”, relata “seu” Cazuza.
Ele prossegue falando do bairro em que mora até hoje, e declara seu amor a Imperatriz: “Na Ceará morei dezoito anos, já tem vinte e cinco que estou no bairro Santa Rita, aqui tinha muita roça, era afogado de água pra todo lado, o riacho Capivara era até limpo, mas hoje é muito sujo, o povo não zela ele, é só jogando lixo. Só tinha barraco de tábua e de barro, uma aqui outra acolá, era pouco... eu amo Imperatriz, com toda ladroagem desse jeito, mas eu amo demais, no Maranhão pra mim não tem outra cidade”.