Exame é um registro fotográfico do fundo de olho da criança, no qual são avaliados nervo ótico e retina

A Casa de Apoio Ninar, ligada à Secretaria de Estado da Saúde (SES), está realizando um exame especial de retinografia em crianças com microcefalia cujas mães contraíram o Zika Vírus na gravidez. O aparelho retinógrafo, segundo do Nordeste do tipo, pertence à Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e foi adquirido para ser usado em uma pesquisa em saúde pública sobre a Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZv).
O equipamento ficará na Casa de Apoio por tempo indeterminado. "A parceria com a UFMA nos permite unir a pesquisa à assistência. Ele serve para documentar as alterações oftalmológicas em crianças com SCZv. Contudo, seu uso também foi aberto para todas as outras síndromes ou patologias do sistema nervoso", destacou a diretora da Casa de Apoio Ninar, Patrícia Sousa, neuropediatra que também integra a equipe de pesquisadores que estuda a SCZv na universidade federal.
Elaine de Paula Fiod Costa, oftalmologista da Casa de Apoio Ninar e especialista em retina, explica que de 40% a 50% das crianças com microcefalia, independente da causa, apresentam lesões na retina e nervo óptico, que, por sua vez, podem resultar na diminuição da visão ou até mesmo em cegueira. Em pacientes com SCZv, o número aumenta para cerca de 55%.
O exame é um registro fotográfico do fundo de olho da criança, no qual são avaliados nervo ótico e retina. O retinógrafo usado na Casa de Apoio Ninar tem um campo de visão de 130 graus, maior, inclusive, que muitos equipamentos para adultos.
"Diferente dos adultos, que ficam parados olhando para um foco, as crianças são menos colaborativas. Por isso, ele é específico para as crianças. Ele faz um filme e, baseado nele, conseguimos as fotos que precisamos para a análise", explicou Elaine de Paula Fiod Costa.
Até agora, cerca de 40 exames foram feitos. Um deles foi em Raellen Rocha dos Santos, de 1 ano e 11 meses, natural de São Benedito do Rio Preto. Para a mãe da criança, Ranielle de Sousa, o exame disponível na Casa de Apoio Ninar pode ajudar no tratamento da filha. "Sabendo diagnosticar cedo, tem como tratar precocemente essas lesões. E isso tem um resultado muito grande no desenvolvimento da criança", afirmou.
Segundo Patrícia Sousa, uma das preocupações dos pesquisadores é que a SCZv não seja uma doença estática, mas sim progressiva. "Com a documentação das imagens, poderemos acompanhar a evolução ou não das lesões e, com isso, antecipar a assistência", reforçou.