A Câmara Municipal de Imperatriz foi palco de um importante passo para a educação do estado na manhã dessa terça-feira (20). Estudantes, professores, deputados e vereadores participaram de uma audiência pública convocada pelo vereador Carlos Hermes (PCdoB), a pedido do deputado estadual Marco Aurélio (PCdoB), para discutir o projeto de bonificação para maranhenses no ingresso à Universidade Federal do Maranhão.

“O processo de desigualdade regional tem uma herança histórica profunda e, portanto, sou defensor de toda política afirmativa que tem como objetivo realizar uma correção histórica. Nós não estamos aqui falando de desigualdade por determinismo geográfico, a nossa juventude é tão competente como a do sul do país. O problema é que nós tivemos, ao longo da história, a negação de investimento na educação básica”, ressaltou Hermes.
A proposta é de autoria do deputado Marco Aurélio, que defende a adoção de políticas educacionais afirmativas que busquem estimular a permanência dos estudantes maranhenses com a Universidade. A política não se dá por intermédio da reserva de vagas — como são as cotas regionais — mas pela adição de um bônus em sua pontuação do Enem para entrar na UFMA.
“É um projeto de muita importância para os estudantes do estado. Não tem como a gente disputar com pessoas lá do sul do país que têm uma estrutura educacional muito superior à nossa. Não é justo que tenhamos turmas de medicina com metade dos alunos porque os que foram aprovados desistiram e voltaram às suas cidades, enquanto nós lutamos anos para conseguir entrar”, afirmou a estudante secundarista Carla Silva.
A busca por esse instrumento de justiça social teve início ainda em 2015, quando com o então reitor, Prof. Natalino Salgado, foram discutidas formas de implementar o sistema de bonificação, dando mais oportunidades para os alunos do Maranhão, como já ocorre nas Universidades Federais do Pará, na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, na Universidade Federal do Pernambuco, entre outras.
“Em Imperatriz, na primeira turma de medicina da UFMA, apenas 10% dos alunos são da Região Tocantina. Sem contar que muitos alunos acabam abandonando o curso depois de passarem em outros vestibulares. Outro ponto negativo para o estado é a evasão dessa mão de obra qualificada, uma vez que, após a formatura, grande parte desses profissionais acaba retornando para suas cidades ou estados”, alertou Marco Aurélio.
A bonificação consiste no acrescimento de 20% no total da nota do aluno oriundo de escola do estado, aumentando assim suas chances diante dos alunos de outros estados. Após reunião com a reitora Nair Portela, ainda em 2016, foram repassados todos os detalhes e a mesma se comprometeu a estudar a viabilidade jurídica e estudar critérios para que a bonificação passasse a valer nos próximos exames. (Brenda Herênio/Assessoria)