Elson Araújo

Ainda não somos um País de empreendedores. Se assim o fôssemos, certamente a história de muita gente, e até da própria nação, poderia ser outra. Não temos a tradição de ser um povo empreendedor.  Acredito que isso historicamente seja culpa do surgimento conturbado do nosso “projeto de nação” levado a efeito pelo colonizador. Nosso povo não foi gerado com o espírito empreendedor, assim como a história mostra, em termos comparativos, que foi o povo dos Estados Unidos.
O bom é que esse dito espírito empreendedor pode ser estimulado e desenvolvido, e nesse sentido  destaque-se o trabalho feito em todo o Brasil pelo Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, que tem contribuído, sobremaneira, no auxílio ao desenvolvimento de micro e pequenas empresas, estimulando nosso incipiente empreendedorismo. Aqui mesmo em Imperatriz, nesse sentido, o Sebrae cumpre um papel extremamente importante  junto a seus parceiros, como por exemplo, a Prefeitura, que depois de aprovar na Câmara a Lei Geral Municipal da Microempresa, criou a Sala do Empreendedor e dessa forma tem ajudado muita gente a crescer.    
O que temos visto, com esse trabalho feito pelo Sebrae e seus parceiros, é que, mesmo com os “grilhões” oficiais que por vezes desencorajam o mais corajoso dos corajosos empreendedores, é um acentuado processo de formalização daqueles que  começaram na clandestinidade e que hoje, legalizados e capacitados, estão  amparados pelo conjunto de leis que rege, o empreendedor individual, o micro e o médio empresário.
Legalizado ou clandestino, o povo da nossa cidade no quesito empreendedorismo contraria todas as lógicas. A cidade acumula diversos “cases” de pequenos que se motivaram, acreditaram e se tornaram grandes e servem de exemplos para aqueles que sonham abrir o próprio negócio.
Imperatriz, que já ostenta tantos títulos: portal da Amazônia, capital da energia elétrica, capital da integração nacional, bem poderia ostentar mais um: o de capital do empreendedorismo. Basta um giro pela cidade e um olhar mais apurado para se constatar o que digo.
No conceito traçado em 1945 do século passado pelo economista Joseph Shumpeter, o empreendedor é alguém versátil com habilidades técnicas para saber produzir. Essa característica é facilmente detectada no perfil do povo da nossa cidade.
O imperatrizense é tão versátil que também se encaixa perfeitamente no conceito mais moderno de empreendedorismo dado pelo escritor Robert Hisrich no seu livro “Empreendedorismo”, segundo o qual empreender é criar algo diferente e com valor “dedicando tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal.
Pelo que pode se constatar, o empreendedorismo promove o desenvolvimento econômico e social de um país, uma vez que o empreendedor assume o  preponderante papel de identificar oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para transformá-lo em um negócio lucrativo. Tenho visto muito isso aqui em Imperatriz.
Se é legalizado, perdi a oportunidade de perguntar, contudo vale a pena conhecer a história do “Chico do Cachorro Quente” com a qual encerro a coluna de hoje.

UMA HISTÓRIA DE SUCESSO: “O MISTERIOSO CACHORRO QUENTE DO CHICO”

Há anos muita gente em Imperatriz, vez por outra, resolve trocar o usual café da manhã por um simples cachorro quente e uma garrafinha de Guaraná River. Tem sido assim há 40 anos em um cantinho escondido no Mercadinho, maior feira livre da cidade, comandado por um senhor simpático e barrigudo chamado Chico. Com essa atividade comercial, ele criou todos os filhos, alguns já no caminho de assumir o negócio da família. Pela manhã o local é sempre lotado por pessoas de todas as idades e classes sociais.
“Põe um pra mim aí com muita cebola, Chico”. A frase já se tornou um mantra para o Chico e os filhos que habilmente cortam o “pão de sal”, põem a carne moída e a cebola por cima, e em poucos segundos o cliente é servido. “Sem o rivinho não tem graça”, confessa o fotógrafo Carlos Sidney, que desde criança frequenta o local. “Também não consigo comer só um”, admite o profissional.
A cada manhã são vendidos pelo Chico algo em torno de 350 unidades com picos de 500 nas manhãs seguintes a algum show.
O negócio é um caso de sucesso. O segredo, ninguém sabe! Dizem que talvez seja a cebola picada; outros afirmam que é o tempero da carne e há quem afirme que é a simpatia do dono do negócio.
As versões para o segredo do sucesso do cachorro quente do Chico, no Mercadinho, são muitas! A certa eu não sei, o que sei é que o danado do pãozinho com carne e cebola e o guaraná River é muito bom.