Elson Araújo
Quem é que se conforma com a morte? Ninguém! O vazio só não é total por causa do poder da saudade que confere a quem deixa este plano uma aura de imortalidade.
Imperatriz nos últimos meses tem perdido muitos filhos. São muitas as lágrimas já derramadas. A partir deste 2020 a cidade terá de aprender a conviver com a falta de muitos desses filhos. Dois deles certamente farão muita falta, não só aos familiares, mas a toda uma legião de amigos e admiradores. Coincidentemente lideravam e davam vida às duas confrarias mais bem frequentadas da cidade, a Confraria do Olimpão, e a Confraria da Banca do Chico.
Seu Olímpio Bandeira, aos 94 anos, foi vencido pela Covid-19, dia 17 de maio, e nesse 28 de Junho a cidade perdeu o Chico da Banca. Óbito decorrente de um acidente de trânsito ocorrido dia 10 de junho. Chico e Olímpio, duas personalidades marcantes da sociedade imperatrizense de difícil ou impossível substituição.
Desde o dia do acidente que os frequentadores da Banca do Chico viviam a angústia e a expectativa de que “O Velho Chico”, o “Chico da Banca”, o “Chico Gentileza”, deixasse logo o hospital e reocupasse seu posto de todos os dias na tradicional banca de revista, de onde há quarenta anos tirava seu sustento. Chico conquistou uma legião de amigos e lhe alçou à condição de figura icônica da cidade.
Não é pouca coisa! O Chico foi capaz de transformar uma simples banca de revista num símbolo das discussões sobre o cotidiano da cidade. De filosofia à política, tudo é motivo de debate na famosa Banca do Chico, agora sem ele.
O Gentileza, na verdade, Francisco Melo, não vai voltar a ocupar seu posto. Dezoito dias depois do acidente sofrido, justamente num Domingo, dia da semana onde se efetivava as maiores resenhas, ele foi declarado morto. Sua última resenha foi o velório histórico realizado na Praça de Fátima, defronte ao seu local de trabalho, movimentado do início até a hora do sepultamento, na manhã de segunda.
O jornalista e cartunista Ismael Souza, filho do saudoso jornalista Antônio Costa e que desde criança frequentava a Banca, conseguiu com genialidade traduzir, ou melhor, retratar o vazio da ausência do Chico. Mais do que uma homenagem, a captura emocional do que o famoso jornaleiro representava para ele e para cidade.
Todo dia morre gente no mundo inteiro, mas nem todo dia morre alguém como o Chico da Banca.
Descanse em paz, velho Chico!
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