São Luís - O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, estará em Imperatriz nesta sexta-feira (19) para participar como palestrante do Dia do Empresário da Indústria, promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema) e pelo Sebrae-MA, no Palácio do Comércio e da Indústria de Imperatriz, como parte da programação da Fecoimp 2014.
Ele proferirá a palestra “Perspectivas da Economia Brasileira”, que tratará dos cenários econômicos para os eventuais governos de Marina Silva (PSB) e Dilma Rousseff (PT), favoritas na corrida presidencial de 2014, mostrando as diferenças e semelhanças entre elas. Além disso, em sua explanação, Loyola pretende chamar a atenção para a necessidade de correções profundas nas políticas fiscal e monetária.
Loyola, que este ano foi escolhido o economista do ano pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), falou com exclusividade a O PROGRESSO sobre diversos assuntos que serão tratados nas palestras previstas para o Dia do Empresário da Indústria.
O PROGRESSO – As projeções que o mercado tem feito para 2015 dão a entender que o próximo ano será mais difícil do que 2014 está sendo. Como você analisa o cenário futuro para o País? O que a indústria brasileira pode esperar?
Gustavo Loyola - Acredito que 2015 será mais difícil que 2014. Há a necessidade de realizar ajustes nas tarifas públicas, assim como nas políticas fiscal e monetária. Apesar dos sinais de recuperação do segundo semestre deste ano, a indústria brasileira seguirá com problemas, já que perdeu muito da sua competitividade nos últimos anos. As expectativas negativas de consumidores devem limitar o crescimento do mercado interno no restante de 2014 e também em 2015.
O PROGRESSO – Mesmo com os sinais de um ano de difícil em 2015, pode se esperar, no curto e médio prazo, tempos melhores?
Gustavo Loyola - O cenário pode de fato se agravar caso não se faça as correções na política econômica. Em especial, é necessário recuperar a confiança de empresários e consumidores, reduzir a inflação e retomar as reformas estruturais.
O PROGRESSO – O senhor acredita que o Real pode estar em risco no atual cenário?
Gustavo Loyola - O Real não corre risco imediato, mas é necessário corrigir os erros da política econômica, notadamente da política fiscal, para evitar riscos de crise no futuro.
O PROGRESSO – Como o Maranhão figura neste cenário?
Gustavo Loyola – Vamos primeiro falar da questão regional. O Nordeste é uma das regiões que mais cresce no Brasil. Esse padrão deve se manter nos próximos anos e o Maranhão se beneficiará da expansão da fronteira agrícola e de investimentos em infraestrutura.
O PROGRESSO – Tem-se ouvido falar muito em “tarifaço” e aumento do preço dos combustíveis para o ano que vem. Isso é de fato iminente?
Gustavo Loyola - Infelizmente, a correção dos preços trará algumas dores para a economia. Porém, é melhor enfrentar logo este problema do que deixá-lo persistir, pois isso poderia comprometer definitivamente a capacidade de investimento da Petrobras, inviabilizando a expansão da exploração do pré-sal.
O PROGRESSO - A China é um importante parceiro comercial do Brasil, porém já se fala em uma certa dependência da economia brasileira em relação ao que acontece no país asiático. Como evitar a dependência da China?
Gustavo Loyola - Para evitar a dependência da China, o Brasil deve ter uma política comercial que favoreça a inserção do País nos blocos comerciais que estão se formando, além de buscar a diversificação de sua pauta exportadora, adotando políticas de aumento da competitividade da indústria.
O PROGRESSO – O senhor está em Imperatriz a convite da Fiema e do Sebrae-MA para falar aos empresários locais o que será tratado na sua palestra?
Gustavo Loyola - O Brasil se prepara para eleger o presidente da República. As pesquisas eleitorais indicam Marina Silva (PSB) e Dilma Rousseff (PT) como os candidatos mais competitivos. Por outro lado, a economia brasileira dá sinais de marasmo, enquanto que a inflação se mantém em níveis elevados, acima da meta de inflação. Os empresários e os consumidores mostram-se pessimistas com o desempenho futuro da economia. Na palestra que farei em Imperatriz, serão apresentados os cenários econômicos para os eventuais governos de Marina e Dilma, mostrando as diferenças e semelhanças entre eles. Igualmente, pretendo chamar a atenção para a necessidade de correções profundas nas políticas fiscal e monetária, assim como de retomar um programa de reformas para que a economia brasileira possa voltar a crescer de forma sustentada nos próximos.
Sobre Gustavo Loyola
Gustavo Jorge Laboissière Loyola é sócio diretor da Tendências Consultoria Integrada, empresa de consultoria econômica e política sediada em São Paulo, e membro do Conselho de Administração de várias empresas. Doutor em Economia pela Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas, exerceu a presidência do Banco Central do Brasil por duas vezes, nos períodos de novembro de 1992 a março de 1993, e de junho de 1995 a agosto de 1997. Foi eleito “Economista do Ano”, em 2014, pela Ordem dos Economistas do Brasil.
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