Hemerson Pinto
Um grupo formado por pouco mais de 100 mototaxistas ocupou a ponte sobre o Riacho Cacau na rodovia BR-010 em Imperatriz. Durante quase duas horas, filas de veículos se formaram nos dois sentidos da pista. O engarrafamento também foi registrado na marginal direita (sentido Imperatriz/Bananal) e na Rua Leôncio Pires Dourado, até próximo à sede do Incra. O protesto foi encerrado após princípio de confusão, onde um homem foi agredido e tentou revidar com uma barra de ferro.
Os ânimos estavam alterados desde o início do protesto. Os profissionais das motocicletas amarelas usaram faixas para expor as reivindicações, que segundo eles, eram as mesmas exigidas pela classe em todo o país. Impedidos de trafegar pela rodovia federal, motociclistas, motoristas de vans, veículos de passeio e caminhoneiros não aprovaram a atitude dos manifestantes.
Em um momento de tensão, onde apenas um policial rodoviário federal tentava conversar com os mototaxistas, um policial civil sacou a arma e a empunhou para cima, pronto para disparar em sinal de advertência, caso os envolvidos não se acalmassem.
O patrulheiro da PRF conseguiu a liberação do tráfego para uma van, que entre os passageiros transportava uma mulher grávida que não se sentia bem. A condutora de um veículo de passeio, aparentando ter mais de 60 anos, teve a pista liberada. “Tenho pressão alta e não aguento ficar nisso aqui não”, disse a mulher enquanto passava pelo bloqueio. Uma caminhonete da FUNAI transportava indígenas grávidas. O motorista também foi autorizado a passar, a exemplo de uma viatura da Polícia Civil.
“Se a polícia pode passar, por que a gente não pode? Só porque são da polícia? Somos trabalhadores iguais a eles. Tenho meus compromissos e preciso chegar aonde quero entregar a carga. O dono da mercadoria tá esperando. Liguei da entrada da cidade dizendo que em menos de meia hora estava na porta do comércio dele. Já tenho quase duas horas aqui”, desabafou o motorista de uma carreta, que ameaçava passar com o veículo pesado por cima dos manifestantes. O homem era acalmado pelo agente da PRF.
Quando um vendedor ambulante que carregava uma caixa na garupa da moto tentou furar o bloqueio, quase foi derrubado. Ao forçar a passagem, os mototaxistas esticaram a faixa e o homem ficou com a mesma enrolada no pescoço. Pessoas inconformadas com a situação usaram capacetes para agir em defesa do vendedor. O ambulante tirou uma barra de ferro e ameaçou bater nos mototaxistas. Os líderes do movimento atenderam o policial rodoviário e viram que era hora de encerrar o protesto.
Segundo o presidente do Sindicato dos Mototaxistas de Imperatriz, Francisco Alencar, “as reivindicações aqui em Imperatriz são as mesmas que nesse momento são defendidas nas grandes capitais em todo o país. Na nossa região estamos com esse movimento em Imperatriz, Açailândia e João Lisboa”, afirmou.
As exigências são a isenção do pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Imposto sobre Produtos Industrializados, linha de crédito para a classe e plano especial de previdência social.
O vendedor Wagno Dantas discordou da forma encontrada pelos mototaxistas para exigir seus interesses. “Não quer pagar imposto? Todos nós pagamos, por que eles não querem pagar? E pra dizer isso é preciso fazer o que estão fazendo. O que eu e todas essas pessoas temos com isso?”.
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