Como toda ferramenta tecnológica, o blog, desde sua concepção, a cada ano passa por mudanças. Do layout das páginas - moderno a cada dia - até a articulação do conteúdo, e mesmo concorrendo com outras ferramentas de informação continua prestigiado e hoje se constitui num canal importante de mídia. Esse é um fato.
O que no início era tido apenas como um “diário virtual”, com o passar do tempo, se tornou “fonte de informação” e de sobrevivência para milhares de não jornalistas e jornalistas no mundo inteiro. A profissional do sexo anã curitibana Dafne mantém em seu blog a essência do diário com os relatos de suas peripécias sexuais e assim seleciona seus clientes.
O jornalista de prestígio Ricardo Noblat - um dos primeiros a fazer fama como blogueiro político - é uma importante referência como usuário desta plataforma na produção de conteúdo de relevância social.
Em se tratando de Brasil, quando se fala em blog, a empresa de tráfego online Sysomos informa que o país já aparece como o quarto do mundo em   números de blogueiros, logo à frente do Canadá, que vem em quinto e logo atrás do Japão. Em primeiro lugar isolado estão os Estados Unidos, e o Reino Unido vem em segundo.
É muita informação em circulação no ciberespaço, o que faz surgir fatalmente um desafio para quem manuseia a rede mundial de computadores para se informar: encontrar um conteúdo que realmente informe/forme na concepção técnica da palavra. Portanto, ao meu sentir, o grande problema no boom dos blogs hoje no país é de conteúdo e o que pode se extrair do conflito entre quem produz e quem consome esse conteúdo, uma vez que tanto os blogs de alcance nacional quanto os de alcance estadual e local encerram interesses pessoais/políticos/ econômicos/ideológicos visíveis e invisíveis, o que faz surgir a necessidade da formação de um consumidor capaz de recepcionar criticamente esses conteúdos.
Percebe-se que, com as devidas exceções, que os blogs de melhor conteúdo, no qual se inclui a preocupação com o vernáculo, a ética e com os princípios básicos do jornalismo são aqueles manejados por quem detém certa base de escolarização, o que não implica no maior número de acessos, uma vez que tanto em nível de Brasil quanto em nível estadual e local nós vamos encontrar excelentes blogs, mas com audiência sofrível.
Em nível local, o blog de maior audiência - o último dado do Google na terça-feira da semana passada, apontava às 10 horas 35 mil acessos - embora passei por certo conteúdo político, explora as tragédias urbanas (assassinatos, acidentes com vísceras expostas, e muito sangue). Se optasse apenas pela cobertura política certamente não chegaria a esse patamar. Trata-se de um fenômeno a ser estudado.
Ainda, ao se tratar de Imperatriz/Maranhão, os blogs apontados como políticos aparecem mais como uma “revista” onde o leitor pode encontrar um pouco de tudo.
Quanto à cobertura política propriamente dita, ela existe, mas percebo que pode ser melhorada e ampliada. Outra observação a ser feita, com raras exceções, é que em muitos casos a cobertura política na chamada blogosfera deixa de ser isenta, já que grande parte dos titulares desses espaços cibernéticos tem algum tipo de comprometimento, seja ideológico/político e econômico, o que compromete o produto final, que deve ser visto com certa elementar de criticidade, ou como diz um amigo, com desconto.
Uma coisa tem-se a certeza: os blogs vieram para ficar e hoje formam uma realidade que diariamente, em tempo real, impactam o mundo da informação.

Elson Mesquita de Araújo, jornalista