Elson Araújo
O mundo está cheio de pensadores que em alguma ocasião falaram em tom solene sobre o caráter da mudança. Uns no campo filosófico, outros com ênfase na educação. O insigne educador brasileiro Paulo Freire, ao raciocinar sobre o tema numa de suas obras, afirma, por exemplo, que “a educação não muda o mundo”. A educação, segundo ele, na verdade, muda as pessoas, que transformam o mundo.
De fato, está mais do que provado o poder da educação no processo de mudança, seja subjetiva ou objetivamente; oriunda do processo acadêmico ou da observação e apreensão natural dos fenômenos da natureza.
Imperatriz tem passado por significativas mudanças em cada um dos seus ciclos tão decantados por seus historiadores. Do sumo dos ciclos do arroz, da madeira, do ouro, do comércio e dos serviços, a cidade pode extrair o positivo e o negativo nos campos econômico e social.
Nos últimos anos, a cidade começou a trilhar uma nova vertente de desenvolvimento paralela com o crescimento econômico carreado pela vinda de grandes empresas, como a indústria de celulose Suzano, já em fase final de instalação: o aumento do capital intelectual, fenômeno ainda pouco percebido, mas que pode mudar de patamar a vida da cidade consolidando-a como um verdadeiro polo do conhecimento.
Ao se referir ao ensino público presencial representado pela UEMA, UFMA e IFMA, já são cerca de 20 cursos superiores em funcionamento em Imperatriz. Somados aos cursos da iniciativa privada, a cidade abriga hoje, fora os EAD (Ensino a Distância), cerca de 50 cursos superiores que, por uma exigência legal, necessitam para compor o quadro de docentes, de mestres e doutores.
Essa quantidade de cursos tem atraído também mentes de outras regiões do Brasil, tanto por meio de concursos quanto por meio de contratações privadas.
Orgulhosamente, hoje é possível afirmar que é cada vez maior o número de pessoas da cidade, dos diversos campos do saber e com vocação para pesquisas, que têm procurado se qualificar, algumas até no exterior. Antes o alvo era pelo menos a conclusão do ensino médio. Hoje, além da graduação, o alvo são as especializações, os mestrados os doutorados. Ninguém quer ficar para trás. A estimativa é de que Imperatriz tenha hoje pelo menos 70 doutores. Só no campus da UFMA, conforme a direção daquela instituição de ensino, são 60 professores com doutorado.
Com o advento do Curso de Medicina da UFMA, que começa a funcionar no ano que vem, novos mestres e doutores aportarão na cidade. Os cursos de Medicina da Faculdade de Imperatriz e da Universidade Ceuma (previsão para agosto de 2014), que ainda lutam pela autorização do Ministério da Educação, também contribuirão com o aumento desse crescente capital intelectual.
A área da saúde é apenas um elo desse novo ciclo do desenvolvimento que começa a nascer em Imperatriz: o do desenvolvimento científico.
Há poucos dias, com a presença do ministro de Ciência e Tecnologia, Antônio Raupp, foi inaugurada uma Unidade de Preparação e Caracterização de Materiais e Biocombustíveis, laboratório onde serão realizadas pesquisas do Programa de Mestrado em Ciências dos Materiais, que certamente incluirá Imperatriz na rota das pesquisas de alto nível.
O diretor da UFMA em Imperatriz, o jornalista Marcos Fábio Belo Matos, doutor em Linguística e Língua Portuguesa, pela UNESP de Araraquara (SP), se mostra otimista com esse novo rumo desenvolvimentista da cidade. Ele entende que “os doutores trazem a ampliação do universo da pesquisa, da extensão, produzem conhecimento local, amplificam o olhar crítico e fazem a cidade crescer intelectualmente”.
Já o economista Enéas Rocha, doutor em Desenvolvimento Sustentável, doutorado que foi buscar em Belém (PA) na UFPA, acredita que esse processo de ebulição educacional pelo qual passa a cidade em médio prazo trará grandes benefícios à região com a sobressalente melhoria no ensino superior e do estimulo à pesquisa. Doutor em desenvolvimento regional, o administrador de empresas e hoje vereador Esmerahdson de Pinho, diz não restar mais dúvida que a cidade hoje é um grande polo educacional e caminha para se tornar polo de desenvolvimento científico o que, avalia ele, além de aumentar o capital intelectual, trará melhorias na formação do material humano e fomento à produção científica.
Diante dos olhos de todos, portanto, a pacificação do ensinamento de Paulo Freire de que a educação muda as pessoas que podem transformar o mundo, no caso transformar Imperatriz.
Bem-vindos, mestres! Bem-vindos, doutores!
Elson Mesquita de Araújo, jornalista.
Publicado em Cidade na Edição Nº 14843
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