A Defesa Civil do Município foi informada ontem que uma das hidrelétricas, acima da Estreito, deve liberar nas próximas horas um volume de água de cerca de 8 mil metros cúbicos. Isso significa que o reservatório da Hidrelétrica de Estreito, que vai amparar todo esse volume de água, deve também liberar mais uma vez suas comportas prevendo-se uma nova enchente.
O superintendente da DF, Chico do Planalto, prevê que isso ocorra até meados da semana que vem. “Pelo menos dessa vez não seremos apanhados de surpresa, já que estão avisando com antecedência”, asseverou.
A enchente do último final de semana atingiu 300 famílias. Destas 55 foram para os dois abrigos providenciados pela Prefeitura; as outras encontraram guarida na casa de parentes.
Ontem, em entrevista a uma emissora de TV, o superintendente da Defesa Civil informou que as famílias desabrigadas pelo aumento do nível do rio Tocantins permanecem fora de suas casas. A Prefeitura de Imperatriz, garante ele, continua dando toda a assistência às famílias que se alojaram na Escola Municipal Paulo Freire e no Parque de Exposições Lourenço Vieira da Silva. Na última terça-feira (10), a Defesa Civil e membros de várias secretárias do município estiveram no local distribuindo cestas básicas.
O repentino aumento do nível do rio Tocantins foi causado pela abertura das comportas da Usina Hidrelétrica de Estreito. O coordenador da Defesa Civil de Imperatriz, Francisco das Chagas Silva, o Chico do Planalto, garante não ter sido avisado com antecedência sobre o que iria acontecer. A ação afetou diretamente os municípios de Estreito, Porto Franco, Ribamar Fiquene, São Pedro d’Água Branca e Imperatriz.
O Consórcio Estreito Energia (Ceste), responsável por administrar a hidrelétrica, emitiu nota oficial afirmando que na sexta-feira (6) “informou à Defesa Civil destes dois Estados [Maranhão e Tocantins], na pessoa de seus coordenadores regionais, sobre a observação de grandes precipitações na região do médio norte do Estado do Tocantins”.
Chico do Planalto contesta a informação e garante: a informação sobre a abertura das comportas não chegou a tempo de evitar os prejuízos às famílias. “[No Maranhão] só quem recebeu esta informação fomos nós [Defesa Civil de Imperatriz], por volta das 19h de sábado (7). [Eles informaram] que a vazão da barragem iria aumentar de cinco mil metros cúbicos por segundo para 12 mil [metros cúbicos por segundo]. Na verdade, a vazão chegou a 14 mil metros cúbicos por segundo”, disse o coordenador.

Provas

Para comprovar a informação, o coordenador exibiu a versão impressa do email enviado pelo Ceste. O horário da correspondência é o mesmo informado por Chico do Planalto.
Segundo Chico, nem mesmo a cidade de Estreito, onde a barragem está instalada, foi avisada da decisão do consórcio. “Eu não sei se eles informaram ou não a Defesa Civil do estado do Tocantins, mas a Defesa Civil do Maranhão e as municipais não receberam nenhuma informação, como o Ceste disse em nota. Nem mesmo Estreito foi avisado”, argumentou.
O coordenador também defendeu as famílias ribeirinhas que perderam bens devido à enchente. Segundo ele, a prefeitura dará todo o apoio para que estas famílias busquem os seus direitos. “As pessoas têm que buscar os seus direitos. Todos eles têm. A Prefeitura de Imperatriz vai auxiliar estas famílias para que elas busquem os seus direitos”, garantiu.
As famílias também estão conscientes da responsabilidade do Ceste no caso do repentino aumento no nível do rio. Na última terça-feira, a presidente da Associação de Moradores da Beira-Rio, Marlene Bento dos Santos, afirmou que pretende mover ação judicial para que o consórcio indenize os moradores do local.
Em entrevista, o prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, condenou a atitude do Ceste de abrir as comportas sem avisar a Defesa Civil dos municípios que seriam prejudicados. O prefeito cobrou que as ações do órgão sejam feita com “mais responsabilidade”. (Comunicação)