Banda Amaral Raposo existe há quatro décadas

Hemerson Pinto

O dia 06 de setembro de 1997 ficou marcado na mente de todos os componentes da última formação da Banda Amaral Raposo sob a gestão do maestro Paulo Sérgio. Poucos depois das 16h, quando os integrantes entraram na sala de instrumentos para o processo de afinação e limpeza do equipamento, horas antes do desfile, o susto: peles rasgadas, esteiras furadas. Seria o fim.
Naquele instante não era possível acreditar que, na manhã do dia seguinte, aquela que era considerada a maior fanfarra da época, em quantidade e desenvoltura, sairia na Avenida Getúlio Vargas, onde era aguardada por um público que a conhecia pelo figurino arrojado, pelos toques ritmados e evoluções diferentes e modernas. Mas saiu.
Depois que a imprensa foi acionada e os telejornais (horas mais tarde) já exibiam o drama dos estudantes, empresários do ramo de instrumentos apropriados para fanfarras e donos de escolas com bandas desativadas procuraram a coordenação para oferecer taróis, caixas, bumbos, surdos, atabaques, o que fosse necessário para o grupo dar a resposta na avenida e contrariar quem tentou impedir. Foi ainda melhor. Dezesseis anos mais tarde, a Banda Marcial Amaral Raposo resistiu até a desativação da escola que deu o nome ao grupo.
Após o episódio que marcou a história da banda fundada há 40 anos, os trabalhos foram suspensos durante dois anos. Com a saída do professor Paulo Sérgio, o ex-componente Haridones Marcos assumiu a direção em 2000. Hoje são 50 integrantes, divididos entre corpo coreógrafo, corpo musical, bancada de sopro e linha de frente. Com o prédio na Rua Coriolano Milhomem cedido ao Colégio Militar Tiradentes, o Complexo Educacional Amaral Raposo deixou de existir.
Para ‘sobreviver’, a banda atualmente é formada por alunos de escolas públicas das redes municipal e estadual. “E, infelizmente, a demanda não pode ser aumentada por falta de material, pois fardamento, instrumento, acessórios custam caro. Hoje contamos com alunos do Caic, Raimundo Soares, Edison Lobão, Nascimento de Morais, Urbano Rocha e outras escolas”, declara o maestro Haridones Marcos.
Na manhã de ontem, parte do grupo esteve na abertura da sessão ordinária da Câmara de Vereadores, onde integrantes lembraram a passagem dos 40 anos da banda com uma exibição que lembrou anos atrás. Sempre diferente. A apresentação também serviu para chamar atenção dos legisladores no sentido de participarem no investimento em material e fardamento dos integrantes que se preparam para mais um 07 de setembro.
Quanto aos ensaios, outro problema. São feitos na Praça da Bíblia. Segundo Haridones, com certo receio com a presença de usuários de droga no local. O que faz a Banda Amaral Raposo insistir em continuar tocando? “O amor, a vontade de continuar supera tudo”, diz o instrutor.