Geovana Carvalho
Gestos manuais e expressão corporal fazem da Libras - Língua Brasileira de Sinais - um código de comunicação capaz de romper as barreiras entre surdos e ouvintes.
A Libras não é a simples gestualização da língua brasileira, mas uma língua à parte. A professora Ivanilde Oliveira, da Associação de Surdos de Imperatriz (ASSIM), leciona a Língua Brasileira de Sinais há vinte anos e afirma que a Libras está em constante evolução. “Como na língua falada há gírias, dialetos... só os surdos podem criar um novo sinal, as mudanças são feitas pela comunidade surda”. Os gestos se aprimoram à medida que ganham alguma conotação vulgar ou pejorativa. É o caso de gestos que indicam “roubo” e “ato sexual”. Segundo a professora Ivanilde, estes gestos foram banalizados e precisaram ser reformulados.
Na aula de Libras, olhos atentos às explicações e mãos que imitam gesto a gesto os exemplos da professora. As expressões faciais acompanham as intenções das palavras gesticuladas. Ivanilde Oliveira diz que as expressões são tão importantes quanto os gestos manuais: “Não posso fazer um sinal de triste se estou sorrindo”. Ela explica que há parâmetros que identificam quais gestos pertencem ao universo da Libras. “Um mesmo gesto pode ser usado para várias coisas [palavras], o que diferencia um do outro é a distância ou proximidade do corpo”.
Eduardo Salgado, estudante de Direito, vê nas aulas de Libras uma oportunidade de se destacar em sua área de atuação. “Tive vontade de aprender e senti a necessidade profissional porque faço Direito e nunca se sabe quando vamos encontrar um cliente surdo e sabendo Libras fica mais fácil”.
Profissionais de várias áreas compõem as turmas. “A Libras é uma realidade, não é só o educador que precisa. Encontramos surdos na saúde, na justiça, no comércio... muitas empresas estão contratando intérpretes para atender melhor seus clientes”, diz Ivanilde Oliveira.
Joseane de Jesus é intérprete voluntária nas turmas de Libras. Ela conta que fez o curso em 2008 e afirma que as habilidades adquiridas foram um diferencial para sua inserção no mercado de trabalho: “Fiz o seletivo do Estado para intérprete e passei, trabalhei por um ano e agora estou trabalhando no Detran. O curso [de Libras] foi um diferencial para conseguir esses empregos, as oportunidades surgiram a partir do curso”.
O operador de máquinas, instrutor de autoescola e graduando de Pedagogia Vilcelino Marinho diz que o interesse pela língua de sinais se deu pela expectativa de fazer uma especialização na área quando concluir o curso de Pedagogia. “Estou visando o estágio e uma possível especialização em Libras quando me formar”.
A professora Ivanilde Oliveira, responsável pelas turmas, explica que ainda restam vagas para a turma de Libras em contexto – para quem fez o módulo básico. Os interessados devem procurar a secretaria da Assim, na Escola Governador Archer.
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