Senador Roberto Rocha

É bem conhecida a metáfora: se você só olha para as árvores, não enxerga a floresta. Se você só olha para a floresta, não distingue as árvores.

Tenho trazido para este espaço um amplo repertório de ações que impactam diretamente os municípios da região tocantina. São muitas obras e ações que se descortinam para o ano novo e me dão o sentimento do dever cumprido, ao honrar o voto que me deu a população do Maranhão.

Hoje, no entanto, vamos olhar para a floresta, ou seja, para o cenário geral, que é justamente aquele que cabe ao Governo zelar para garantir as condições para que as forças produtivas desabrochem e o desenvolvimento torne-se uma realidade.

Apoio-me em documentos produzidos com rigor técnico, distantes da retórica política que muitas vezes cega a visão. Recentemente dois estudos jogaram luzes sobre a situação real do Maranhão. Infelizmente, não ganharam a repercussão que mereceriam ter tido.

Refiro-me ao Ranking de Competitividade dos Estados, realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), e ao relatório sistêmico do Tribunal de Contas da União (TCU), chamado Fisc/Nordeste, que consolidou os resultados de diversas auditorias na região.

O Ranking de Competitividade dos Estados adotou critério de pontuação semelhante ao IDH, conferindo notas de zero a cem, sempre obedecendo o parâmetro de quanto mais perto de 100, melhor.

É triste constatar que, em apenas dois anos, o Maranhão caiu da 20ª para 25ª posição no Ranking. De uma nota de 43.1 em 2015, o Maranhão involuiu para 31.5 em 2017.

Um outro dado assombroso: o Maranhão recebeu nota zero no ranking de 2017 em relação à sustentabilidade social, ocupando a última posição.

Em relação ao capital humano, que reúne os indicadores de custo de mão-de-obra, população economicamente ativa com ensino superior, produtividade do trabalho e qualificação dos trabalhadores, o Maranhão situou-se apenas na 25ª posição no ranking dos 27 Estados.

Quanto ao potencial de mercado, que analisa o crescimento da força de trabalho e a taxa de crescimento, o Maranhão recuou oito pontos, de 2016 para 2017.

E não se culpe a crise, pois alguns estados pequenos, como Rondônia, Acre e Paraíba, ganharam posições com desempenho expressivo, o que comprova que não importa o tamanho do PIB, mas a responsabilidade da gestão.

Quanto ao estudo do TCU, ressalto a constatação, medida em números, de que o Maranhão é o Estado mais dependente de recursos federais. Ou seja, o Estado com menor capacidade de geração de riqueza própria.

Quando se olha a floresta, ou o panorama geral, analisando o filme, e não a foto, priorizando uma visão narrativa da série histórica, aí é que a gente tem a real dimensão do tamanho do desafio do Maranhão.

Trata-se de modificar a curva de crescimento, alterar os paradigmas colonialistas em que se assenta nossa economia, desenvolver uma outra cultura produtiva e cooperativa, ao invés de alimentar o paternalismo medíocre e paralisante que caracteriza as relações entre os entes estadual e municipais.

Tarefa que exige a mobilização das forças sociais. E tenho a convicção de que a região tocantina, por sua história, está preparada e por isso clama por uma verdadeira mudança, qual seja a de substituir a exploração política da pobreza pela exploração econômica da riqueza.