Raimundo Primeiro
Os primeiros dias do Ano Novo foram (e continuam sendo) nebulosos para o Governo do Estado do Maranhão, em virtude dos problemas verificados no complexo de Pedrinhas. A crise sem precedentes que toma conta do sistema de segurança pública sem dúvida faz descortinar um 2014 difícil, turbulento até, para a governadora Roseana Sarney (PMDB).
As nuvens negras da crise pela qual passa a segurança pública maranhense, em decorrência dos problemas verificados na Penitenciária de Pedrinhas, em São Luís, a 632 quilômetros de Imperatriz, a reação dos criminosos às medidas tomadas para amenizar a onda de violência reinante ao longo dos últimos anos em Pedrinhas repercutiu internacionalmente. O Maranhão foi divulgado negativamente mundo a fora. Mais uma vez!
Estarrecida, a população maranhense tomou conhecimento das ações criminosas que resultaram na queima de ônibus coletivos e de passageiros, incluindo-se uma garota de seis anos, Ana Clara, sua mãe, sua irmã e, ainda, o homem que tentou ajudá-la, ou seja, tirá-la das chamas que destruíram o coletivo. Ficaram apenas a carcaça (ferragens). Pode? Sim! A barbárie tomou conta do Estado.
Não há como rechaçar o que tem sido veiculado na imprensa durante os últimos dias, principalmente na semana passada. Enquanto isso, o sistema de segurança pública, lamentavelmente, agoniza, sem saber a quem recorrer. E a população fica amedrontada, à mercê de marginais, situação em que cada um é vítima potencial de ações patrocinadas por líderes de facções criminosas, apesar de aprisionados!
Na terça-feira, 7, a "Folha de S. Paulo", um dos principais jornais do País, trouxe a seguinte manchete de capa: "Vídeo mostra selvageria de presos em penitenciária no Maranhão". A matéria informa que um vídeo filmado dentro do Complexo de Pedrinhas mostra três presos decapitados durante rebelião ocorrida em dezembro. A reportagem destaca que "as imagens, muito fortes, exibem detentos comemorando as mortes", com as "cabeças sendo exibidas como troféus", e acrescenta que "o governo de Roseana Sarney, que não comentou o vídeo, diz que 'inverdades' foram ditas sobre a cadeia".
Instituições internacionais já se manifestaram sobre o assunto. A Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgaram nota sobre o assunto. O Governo do Estado aceitou o convite para transferir presos para presídios de segurança máxima existentes em outras regiões brasileiras.
Para a OEA, o conceito de Segurança Pública passou a ser entendido a partir de uma perspectiva mais complexa do que em décadas passadas. "As ameaças à segurança vão além da militar tradicional para incluir os problemas que têm um impacto direto na vida das pessoas, como a violência de gangues. Criminalidade, tráfico de drogas, de armas ou de seres humanos". A OEA trabalha em várias frentes para garantir que os povos do Hemisfério Ocidental estejam protegidos das numerosas ameaças do mundo moderno.
Alguns presídios brasileiros foram transformados em verdadeiras universidades do crime, sem que os governos - federal e estaduais - adotassem providências que objetivassem a reversão do hoje caótico quadro. Pessoas morreram e outras estão marcadas para morrer, numa espécie de "corredor da morte" do crime predominante nas penitenciárias do País. Não é só em Pedrinhas que a situação ganha proporções preocupantes, que foge ao alcance da compreensão dos cidadãos comuns, dos brasileiros que vivem em regiões remotas.
Ano Novo, infelizmente, segurança falha, incapaz de proteger até mesmo as pessoas que estão cumprindo penas, pagando por crimes que cometeram em algum momento de suas vidas. Lá não estão apenas bandidos de alta periculosidade. É preciso que a situação seja trabalhada com especial atenção.
Só ano passado, foram mortas 63 pessoas em Pedrinhas. Os números, porém, são maiores e os fatos, mais estarrecedores. Ao longo dos últimos anos, morreram mais de 170 presos no presídio maranhense.
Não pegou nada bem a festança que a governadora Roseana Sarney realizou, gastando mais de R$ 1 milhão, para abastecer, conforme noticiaram blogueiros e a imprensa, com geleia francesa, salmão, panetone e sorvete. A gestora tem, antes de tudo, de efetivamente trabalhar na promoção da segurança pública para a população. Enquanto isso não ocorre, o crime continua, com os bandidos praticando todos os tipos de ações marginais.
rprimeiroitz@gmail.com
Publicado em Cidade na Edição Nº 14903
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