Um livro paradidático publicado por professores e alunos do Grupo de Pesquisa em Ensino de Física do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) Campus Imperatriz foi traduzido para o tupi para auxiliar crianças da aldeia indígena Juçaral, localizada em Amarante, a aprender a sua língua materna. Com o título "Histórias do céu contadas por Zahy e Tatá" - ou na versão tupi "Ywak Rehe Ma'e Imune'u Haw Zahy-Tatá Wanemimume'e Kwer"-, a publicação é resultado dos projetos de extensão. A tradução foi realizada pelo professor de língua indígena Antonio Gomes Guajajara.
A entrega oficial da edição impressa na aldeia indígena foi realizada nesta quarta-feira (6). Os alunos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do curso de Licenciatura em Física e o professor Rivelino Vilela deram os livros ao gestor da escola da aldeia Juçaral, o professor Damião Guajajara, e ao tradutor do livro.
Segundo Antonio Guajajara, que lecionada Tupi/Tentehar na aldeia localizada na Terra Indígena Arariboia, as crianças e adolescentes da localidade não têm acesso às literaturas em seu idioma materno, o que causa grandes dificuldades para ensinar o idioma na escola, bem como mantê-lo, com a inserção cada vez mais presente da língua portuguesa no cotidiano da aldeia. "Embora se comuniquem na língua materna, quando em idade escolar, iniciam seus estudos na escola com português escrito e falado, e somente na adolescência retomam o estudo do idioma materno na forma escrita", explica.
O livro, financiado pela FAPEMA e pelo IFMA/Campus Imperatriz, tem ainda a peculiaridade de possibilitar uma maior identificação com conhecimentos da cultura Guajajara, pois além do idioma materno possui histórias contadas pelos adultos sobre sua etnoastronomia (relatos de tradição oral das noções astronômicas dos moradores da aldeia). Outra singularidade é que grande parte das ilustrações do livro foram produzidas por crianças e adolescentes Guajajara durante as oficinas realizadas por alunos e professores do IFMA Campus Imperatriz envolvidos no projeto.
Extensão
Desde 2011, o Grupo de Pesquisa de Ensino em Física do campus desenvolve trabalhos de divulgação e apoio ao ensino de Ciências por meio dos projetos de extensão "De Olho no Céu" e "Diálogos Interculturais sobre Astronomia com Crianças Indígenas". Este último é liderado pela pedagoga Maria José Ribeiro de Sá, e contou com financiamento do Programa de Extensão Universitária do MEC (PROEXT/MEC).
As ações buscam contribuir para o resgate dos saberes e tradições culturais dos povos Tentehar utilizando a Astronomia no desenvolvimento de atividades lúdicas e vivenciais com crianças e jovens Tentehar. A iniciativa tem ainda o propósito de aproximar conhecimentos tradicionais indígenas e conhecimento científico, a fim de promover a prática educativa intercultural e interdisciplinar na formação dos acadêmicos de licenciatura em Física, além de divulgar as culturas indígenas maranhenses nas escolas de ensino fundamental da região da Imperatriz e região.
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