Hemerson Pinto
O PROGRESSO convidou o experiente gestor imobiliário Ademar Mariano para conversar sobre a inflação no valor dos imóveis residenciais para locação em Imperatriz desde a chegada das empreiteiras que trouxeram trabalhadores de todos os cantos do país para a construção da fábrica de papel de celulose, na Estrada do Arroz. Se o preço dobrou, amanhã pode diminuir e até ficar abaixo dos valores de antes do início da obra.
Mas nem tudo foi perfeito para quem saiu de suas casas para locá-las às prestadoras de serviço, ou pediu o imóvel ao inquilino antes do término do contrato para oferecer aos novos moradores (temporários) da cidade. Aconteceram calotes, mas também houve negociações bem sucedidas que garantiram lucros aos donos de imóveis e empresas do ramo imobiliário.
Na entrevista, Ademar confessa que chegou ao ponto de não ter imóveis à disposição devido a procura ser maior que a oferta. Com 33 anos no ramo, o gestor imobiliário declara: “Ocorreu uma evolução nos preços de forma assustadora, eu nunca tinha visto isso”.
O PROGRESSO
Imperatriz não teve imóveis o suficiente para alugar às terceirizadas da empresa que se instala na cidade?
ADEMAR MARIANO
“O que ocorre é exatamente isso na cidade e na região, pois tem influência não só em Imperatriz, mas temos nas cidades próximas como Davinópolis e João Lisboa, que tiveram alguma demanda em razão deste grande projeto. Nossa cidade sempre teve oferta de imóvel para alugar. Com a chegada da Suzano e suas empreiteiras, esses imóveis ofertados em momento algum foram o suficiente para atender à demanda. Naturalmente, ocorreu uma evolução dos preços de forma assustadora. Um apartamento que era alugado por R$ 800 passou a custar R$ 1.500, R$ 1.800. Apartamento de R$ 1.300, preço normal de mercado, foi alugado por até R$ 2.600, com dois quartos. A demanda que ocorreu (ou ocorre) no período da obra da Suzano, ela e suas empreiteiras, fez com que houvesse essa evolução assustadora, porque eu nunca tinha visto isto antes, no valor dos aluguéis.
Falamos na evolução dos preços de aluguéis de apartamentos. E quanto aos imóveis menores ou mais simples?
“Da mesma forma. Casas melhores, casas simples. Posso assegurar pra você, sem nenhum perigo de estar me equivocando, que, em média, os aluguéis subiram, tanto de casa como de apartamento, um pouco mais ou um pouco menos, na ordem de 100% dos seus valores considerando o mercado normal. Aconteceram situações nada comuns, como a pessoa aproveitar a oportunidade dos aluguéis elevados, desocupando as suas ou indo morar com outras pessoas ou locando imóvel de menor valor. Um fato interessante também: pessoas que moravam de aluguel e tiveram seus imóveis retomados pelos proprietários para que fossem alugados por valores mais elevados. Ocorreu todo o tipo de situação que você não tinha visto antes no mercado”.
O senhor ficou em algum momento sem imóveis para alugar?
“A gente teve de colocar corretores para fazer busca de imóvel, captação de imóvel para conseguir alugar. Fizemos uma relação (de pessoas desejando alugar casas) e em prejuízo das pessoas que eram da empresa, que eram os moradores permanentes da cidade, ficaram no prejuízo. Mas nós, por uma questão de lealdade à cidade, sempre demos preferência para pessoas que moram e vivem aqui, por entendermos que essas locações seriam por um período de obra”.
A procura por imóveis para locação, por parte das empresas terceirizadas, chegou primeiramente às empresas do ramo imobiliário ou os contatos iniciais foram com proprietários dessas residências?
“Preferencialmente junto com às imobiliárias por causa da exigência de documentação. O proprietário, muitas vezes, não está preparado para oferecer a documentação no formato em que essas empresas exigiam. Além da documentação da propriedade, eles querem situação de fornecimento de água, energia, IPTU, Corpo de Bombeiros, segurança do imóvel. Somente a imobiliária está apta a fazer esse tipo de serviço, com laudo de vistoria. Também porque era mais fácil procurar logo na cidade as empresas do ramo”.
Alguém tomou prejuízos?
“Felizmente não aconteceu conosco, pois só alugamos com garantia, com exigências de locação, finança locatícia, que se dá através de seguro de fiança. Fiança física dos locatários da empresa ou calções através de depósitos feitos em caderneta de poupança junto à Caixa Econômica. Criamos mecanismo para não responder perante ao proprietário eventuais inadimplências por parte do locatário. São critérios para pessoas físicas e jurídicas do local. É uma exigência do mercado. Deixamos de alugar para duas ou três empresas que quiseram alugar sem garantia. Tivemos sorte de pegar empresas boas que até hoje não tivemos problemas”.
Esse aumento no preço já começou a ser reduzido?
“Não chegamos a detectar o percentual de redução, pois ainda não houve uma entrega volumosa, em massa. Temos a previsão de que o mercado vai voltar à realidade, ao que era. O mercado se regulariza e com o tempo esses imóveis serão absolvidos no mercado, não com tanta velocidade, mas serão absolvidos. Durante algum tempo, vamos ter um excesso de oferta, onde a tendência é voltar à realidade e talvez até um pouco abaixo do que foi. Quando houver a desmobilização total, o mercado deverá voltar à normalidade no período de seis meses a um ano.
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