Imperatriz registrou, entre os dias 15 e 16 pretéritos, a maior chuva de sua história.  Segundo a Defesa Civil, em menos de 24 horas, caiu na cidade um volume de água superior a 165 milímetros, o equivalente a 15 dias de chuva. Os estragos não foram e não são nada pequenos.
Aflitas, e apanhadas de surpresa, pessoas corriam para um lado e para outro tentando salvar o que podiam da força da água que subia calçadas e invadia casas. A chuva deixou para trás um cenário desolador. 40 mil pessoas atingidas, contabilizou a Defesa Civil do Município.
Solidário à cidade que administra, o prefeito Sebastião Madeira, num gesto de comprometimento com a população, cancelou uma viagem à capital do Estado onde receberia uma homenagem. Como já o fizera em outras ocasiões, pôs os pés na lama e pessoalmente comandou uma espécie de comitê de apoio aos atingidos, composto pela Defesa Civil, Saúde, Desenvolvimento Social e Infraestrutura, que de lá para cá não parou mais. Passada a grande chuva, ainda não é possível quantificar o tamanho do prejuízo.
Ontem, o prefeito decidiu decretar Estado de Emergência. Já tinha dito que não o faria, mas depois de avaliar bem a situação e ouvir assessores, cercando-se dos cuidados para a legitimação desse mecanismo legal, optou por assim agir.
O Estado de Emergência é o reconhecimento legal pelo poder público de situação anormal provocada por desastres e quando os danos ainda são suportáveis e superáveis pela comunidade afetada. É menos gravoso do que o Estado de Calamidade.
Feito esse introito, é bom que se diga que a  grande chuva tem muito a nos dizer. Se por um lado causou danos, por outro mostrou a importância das intervenções na infraestrutura da cidade realizadas pela atual gestão. Já foram feitos mais de 50 quilômetros de drenagem profunda e que muito têm contribuído para resolver o problema de alagamentos em alguns setores de Imperatriz.  A situação poderia ter sido pior se não fosse isso, e tem muita gente para atestar o que digo.
A chuva revelou ainda que os riachos, pelos menos cinco grandes que cortam a cidade, têm que ser mantidos limpos e que os mesmos não podem ser transformados em depósitos de lixo, como uma pequena parte da população insiste; e que apesar de terem contribuído estes não foram o fator determinante para que a cidade por algumas horas ficasse debaixo d’água.
A chuva mostrou a força do fenômeno das redes sociais cada dia mais presentes na sociedade. Ninguém precisou do outro dia para saber o que estava acontecendo. Pelo celular, tabletes tudo foi acompanhado em tempo real com fotos e vídeos.
O sinistro acontecimento fortaleceu ainda mais o lado solidário da cidade. Não foram poucas as pessoas que se uniram aos agentes constituídos no socorro a quem precisava. Mostrou também o líder e a pessoa humana daquele que hoje dirige a cidade. Madeira não teve medo de enfrentar a situação indo pessoalmente aos locais mais críticos e determinando as ações necessárias.
Paralela às ações do poder público, ao espírito de solidariedade da população, a grande chuva  também mostrou que, infelizmente, a cidade também abriga os adeptos da “teoria do caos”,  a do quanto pior, melhor; os arautos da desgraça, aqueles que aproveitam os momentos de aflição do povo para auferir vantagens pecuniárias e políticas. Em um bairro da cidade teve quem cortasse uma via só para poder cobrar a passagem de pedestres, e outros, usando microfones e as redes sociais, usaram e abusaram de epítetos e adjetivos para agredir a pessoa do gestor da cidade impingindo a este toda a responsabilidade por um fenômeno da natureza que a todos pegou de surpresa.
A cada instante que se analisa o ocorrido, vão surgindo novas revelações e constatações óbvias por conta da chuva do dia 15, como por exemplo, a ocupação irregular das margens dos riachos ao longo de 162 anos, fenômeno que hoje custa caro para o meio ambiente. Se hoje ainda tem-se problema de consciência ambiental, imagine naqueles idos?
A previsão é de mais chuva para os próximos dias e consequentemente o surgimento de mais problemas. O momento não é o de se  buscar culpados, mas de junção de forças para que os problemas advindos sejam enfrentados, afinal viver em sociedade é também compartilhar responsabilidades. O poder público faz sua parte, a população deve fazer a sua também.

*Elson Mesquita de Araújo, jornalista.