Illya Nathasje
Se você soubesse a falta que faz, não teria ido.
Há exatos sete dias Olímpio Bandeira, depois de 93 anos, se foi. Foi no domingo, um belo dia de sol e belíssimas nuvens, como se fossem trilhas a emoldurar os caminhos da subida aos céus.
Portando um remo, a rede e um pano no ombro esquerdo, Olimpão fez sua elevação ao céu.
Morada do Pai e por direito e acolhida, dele.
Não tenho como esquecer: em 28 de julho de 2007, estávamos na Igreja de Santa Teresa d'Ávila com (in memorian) Roberto Gelobom, nosso confrade pioneiro em buscar as bênçãos do Pai. Abriu o caminho. De lá para cá, se foram tantas expressões, verdadeiros bordões: "há controvérsias", do Luís Brasília; "só tem briziu", do Cleonir; "só tem liso", do Bob; "safadim", do Zé de Souza, e tantos outros.
Hoje é sábado! Antes não fosse. A Confraria está fechada.
O boteco é a clarividência do nunca. É o testamento que cerra a felicidade. É o lugar de gente de todas as formações: médicos, agrônomos, professores, engenheiros, advogados, jornalistas e até, simplesmente, de contadores de estória. Gente de muitas profissões, de muitos saberes e muitos prazeres. Gente de uma só formação enquanto cidadão. DO BEM!
Hoje é sábado! Não temos para onde ir. A Confraria fechou!
Era na Confraria que mudávamos o mundo. Um tardio sentimento de regresso aos tempos de DA. De debates acalorados em um cenário que se aproximava aos blefes do truco.
Se não tem sábado, não terá dia seguinte. A Confraria fechou!
Ao som da Bagaceira, 'o show já terminou', não mais nos perguntaremos as razões da 'briga' com o confrade. Se foi justa ou não. Até porque nossa consciência nos dizia sempre que os 'argumentos' usados nunca extrapolavam a verborragia adequada. Não seremos mais questionados. É tudo perdão! Estamos todos perdoados. Somos tomados por esse sentimento que se esvai na paz e na solidão.
... A confraria fechou.
- Tudo que nos resta é a máxima de "quem viveu, viveu! Quem não viveu, não vive mais!".
Ah... Olimpão!
- Se você soubesse a falta que faz, voltaria!
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