Raimundo Primeiro
São 17h38. Mesmo com a Redação a todo vapor e com o nosso editor já estourando sua dead line, não poderia, jamais, deixar de prestar minha homenagem a Carlos Alberto Torres, autor de uma das cenas mais marcantes para mim e milhões de brasileiros: o momento em que o ex-jogador de futebol ergueu a taça Jules Rimet, em 1970, quando a Seleção Canarinho conquistou o tricampeonato mundial pelo Brasil.
A notícia da morte de Carlos Alberto Torres surpreendeu-me também. Havia saído tarde para o almoço. Portanto, tomei conhecimento da partida repentina do tricampeão mundial de futebol já por volta das 13h30.
Aos 72 anos, Carlos Alberto Torres ainda demonstrava fortes sinais de vitalidade, participando de diversos projetos pessoais e profissionais, principalmente na condição de comentarista esportivo. Conversando com alguns desportistas, sobretudo mais idosos, veio a reafirmação de que o futebol brasileiro efetivamente brilhou durante os tempos em que ele esteve em campo. Nos estádios brasileiros e no exterior.
Realmente, um gênio, notadamente por ter inovado. Carlos Alberto Torres conseguiu uma faceta inédita até então: mostrar que um lateral também podia jogar no ataque. Seu desempenho no apoio ao ataque do time formado, entre outros, por Pelé e Tostão, correu o mundo. Ecoou e fez história no âmbito do futebol. Ganhou as páginas dos principais jornais. Foi manchete.
Aos 72 anos, Carlos Alberto Torres deixou órfã uma vasta legião de apaixonados pelo futebol. Entretanto, a performance que o ex-jogador do Santos, do Fluminense, do Botafogo e do Flamengo, entre outros, conseguiu desenvolver, predomina, fala mais alto e deixa para a posteridade seu trabalho no “planeta bola”.
O que diria ou, melhor, escreveria o saudoso jornalista Armando Nogueira, ex-diretor de jornalismo da TV Globo, que inaugurou o texto na primeira pessoa do singular, ao narrar o atentado contra Carlos Lacerda? Com certeza, escreveria outro texto fora de série! Foi um dos jornalistas esportivos mais notáveis, de incontestável competência, principalmente com a sua Coluna “Na Grande Área”, publicada simultaneamente em vários jornais.
Homenagens (e ele merece) continuarão sendo feitas por meio da imprensa durante as próximas horas. Aos familiares de Carlos Alberto Torres, aos fãs, aos iniciantes na carreira de jogador de futebol, nosso apoio. Também somos torcedores.
Carlos Alberto Torres não jogou na equipe pela qual torço, mas fez bonito, fez a bola mostrar sua magia nas equipes em que atuou. O gol contra a Itália mudou a sua carreira profissionalmente falando; igualmente, mudou a vida de muitos brasileiros que, com ele, jogaram. Além de projetar ainda mais o nome do Brasil como o “país do futebol”.
Estava fazendo cruzadas, no descanso do lar, quando passou mal. Saiu de cena como um campeão. Foi socorrido, mas não resistiu. O tricampeão deixou os estádios do plano terreno. Foi jogar lá em cima, com os deuses da redondinha. Certeza, a bola rolará bonita, durante os próximos espetáculos futebolísticos, na outra vida!
Parafraseando o fluminensista de coração Nelson Rodrigues, time pelo qual Carlos Alberto Torres também jogou, ressalto que “a morte é um grande despertar”. Ou seja, o ex-jogador de futebol, autêntico e irreverente, despertou para outra vida. Lá, com certeza, fará mais gols. E conquistará mais títulos!
Excelente domingo!
Excelente e abençoada semana!
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