Geovana Carvalho
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos ocorrem cerca de 800 mil mortes de crianças na faixa etária de 0 a 14 anos. No Brasil, de acordo com dados da Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ligada ao Ministério da Saúde), um terço das vítimas de traumas e intoxicações domésticas são crianças com até nove anos de idade. O número de óbitos, entre crianças, decorrentes de acidentes domésticos chega a 13%.
No Hospital Municipal Infantil de Imperatriz, no mês de novembro foi registrado um alto número de crianças que deram entrada vítimas de acidentes em casa. Os principais casos são ingestão de produtos de limpeza, grãos inseridos no nariz ou ouvidos, quedas com fraturas, choques elétricos e queimaduras.
A enfermeira do hospital, Francisca Vieira, diz que a maior parte das internações é de pacientes que sofreram algum tipo de queimadura. Segundo ela, em muitos casos os ferimentos são tão graves que ocasionam a morte do indivíduo. “Em novembro e até o início deste mês, a enfermaria estava lotava com casos de queimados, nesse período houve duas mortes. Os principais casos [de queimaduras] ocorrem com água quente, gordura, álcool e choque elétrico; sendo muito comum, em vítimas de choques, a amputação de pernas, dedos, mãos...”.
O enfermeiro Marcos Antônio há três anos trabalha no Socorrinho e revela que já atendeu centenas de casos em que o paciente engoliu o que ele chama de ‘corpo estranho’: “Chega criança que ingeriu água sanitária, ou remédio em grande quantidade, são muitos casos em que engoliram moedas, espinha de peixe, ou colocaram isopor no nariz. Tem dias que são feitos até cento e cinquenta atendimentos, destes dois ou três são crianças que engoliram algum corpo estranho”.
A pediatra Maria das Graças Paiva diz que neste período de festas de fim ano é comum aumentar o número de acidentes domésticos envolvendo crianças. “É preciso ter muito cuidado, pois nessa época as pessoas estão agitadas e acabam descuidando da segurança. Chegou um senhor de Porto Franco que estava pelando um porco e utilizou álcool, o litro de álcool explodiu e atingiu uma criança... coisa muito rápida, ele não sabe explicar como aconteceu”, exemplifica a médica.
Especialistas alertam que a prevenção de acidentes domésticos passa também pela conversa. Desde cedo explicar aos pequenos sobre os riscos oferecidos por objetos cortantes, por exemplo, pode poupá-lo de sérios problemas de saúde.
Algumas dicas para evitar acidentes domésticos
- Não deixar ao alcance das crianças objetos perigosos, como botões, pregos, moedas, enfim, objetos pequenos que atraiam as crianças e despertem o interesse de levar até a boca.
- Manter medicamento, materiais tóxicos e produtos de limpeza em locais seguros e não visíveis às crianças.
- Cuidado com janelas sem proteção, escadas escorregadias e sem corrimão e piscinas. É fundamental orientar as crianças quanto aos riscos nesses locais.
- Não permitir que a criança fique sozinha na cozinha, não deixar facas e objetos perfurantes em locais de fácil acesso. - Tomar cuidado com tomadas, ferro de passar roupas e armas.
- E caso tenha bebê em casa, ficar atenta na hora do banho, para que ele não se afogue.
- Se tiver que utilizar álcool em casa, dar preferência ao álcool gel.
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