Illya Nathasje
Para o governador Flávio Dino, o resultado das urnas confirma o fim da “era Sarney”. O entendimento vem do contexto de que o grupo de partidos, que faz oposição ao PMDB maranhense, conquistou a prefeitura de 150 dos 217 municípios do Estado, no primeiro turno. Num Estado que tem duzentos e dezessete municípios, soa bem vencer em cento e cinquenta.
Essa é uma aparência numérica, o conteúdo é outro.
Em duas partes: a primeira é que se inclui nessa análise, todos os partidos que estiveram no arco de aliança que elegeu Dino em 2014. Se estarão com ele em 2018, só o tempo mostrará. O PSDB é uma certeza que não, o PSB certamente também não. Um exemplo que dá sustentação à provável candidatura do senador Roberto Rocha, ao governo, em 2018, aconteceu em Imperatriz com a candidatura de Ildon Marques. Mesmo com o PDT e o PCdoB formando chapa, a candidata do PDT, Rosângela Curado, pagou o preço da concorrência. Apesar de todo o apoio do governador, pessoalmente envolvido na campanha, amargou um terceiro lugar e poucos 21,82 pontos percentuais, bem perto do quarto colocado (20,05%).
Se Flávio Dino está certo em sua afirmação “(…) o resultado das urnas confirma o fim da ‘era Sarney’”, sugerir que isso representa todos à sua volta, é se estabelecer como se o presente representasse o futuro.
Não é!
Vamos à segunda parte, agora sim, os números: nas 23 cidades maranhenses cuja população supera os 50 mil habitantes, apenas em 07 delas, Codó (PDT), Paço do Lumiar (PCdoB), Açailândia PCdoB), Balsas (PDT), Barra do Corda (PCdoB), Coroatá (PT) e Vargem Grande (PCdoB) o governo tem esses partidos, e mais a companhia de outros em outras 5 cidades, Caxias (PRB), Pinheiro (PP), Santa Luzia (PP), Buriticupu (PRB), Itapecuru Mirim (PRB). Nesse conjunto de 12 (1.104.522 habitantes no total), as 7 primeiras (651.012 habitantes) marcharão com o governo; com relação as outras 5 (453.510 habitantes), só o tempo dirá. As restantes, São Luís (Segundo Turno), Imperatriz (PMDB), São José de Ribamar (PSDB), Timon (PSB), Bacabal (PMDB), Chapadinha (PMDB), Santa Inês (PSDB), Grajaú (PMDB), Barreirinhas (PMDB), Tutoia (PSB) e Viana (PSDB), por força da conjuntura nacional trilharão outros caminhos com seus 2.207.258 habitantes.
É muito natural na política, e é muito bom para as cidades, que esse poder se dilua. Não é o próprio governador, sempre que pode, que oportuniza o fim de um outro tempo representado pela presença “sarneysta”? A alternância de poder faz bem para a democracia e certamente Flávio Dino, com a loquacidade que possui, está atento a isso. A derrota que Imperatriz lhe impôs poderá trazer bons resultados para a cidade. Candidato natural em 2018, o governador que nestas terras teve cerca de 85 por cento dos votos, precisa se recompor se quiser repetir os índices.
Uma pergunta que insiste em buscar resposta é: com as três principais lideranças, o prefeito da cidade, Assis Ramos, o candidato derrotado, Ildon Marques e até lá, o ex-prefeito Sebastião Madeira em palanques diferentes, quantos votos Flávio Dino terá? Com quem lhe acompanha nos dias atuais, o resultado das eleições de domingo disse tudo: não será de grande monta.
Resta torcer para que o governador, independente de sua preocupação com a “era Sarney”, e com quem não estará em seu palanque, consolide cada vez mais seus compromissos com Imperatriz e de resto com o Maranhão.
– Bom trabalho, governador.
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