Illya Nathasje

Se fosse escolher uma frase, "É mais o que nos une do que o que nos separa"; se tivesse de escolher um símbolo, Matzá (o pão, a hóstia). Judeus de todo o mundo comemoram no domingo, 29 de  setembro, o início do Ano Novo Judaico. Rosh Hashaná. 5.780 anos de existência. O tempo não nos envelheceu. Depois de tanto tempo, de tantas lutas, erros e acertos, mais estes que aqueles, estamos à procura. Graças a Deus! 

Amanhã, quando a primeira estrela aparecer nos céus de Imperatriz, não importa a que horas ela saiu em Israel, haveremos de saudar, Shaná Tová! Bom ano! Para você e para os meus. A chegada de um novo ano é a hora de pedir a Deus para que, por mais um ano, cuide de nós. Não apenas de nós e de nossas famílias, mas, de todos nós. 

É tempo de pedir luz e bênçãos. Desde sempre, o mundo carece de fé, precisa de mais fraternidade e de mais paz. Quem é crente em Deus e com ele aprendeu a respeitar, sabe: a vida nada mais é que um encontro, como um pão que se divide, depois de uma incessante e continuada busca.

De amanhã até 01 de outubro, terça feira, Machzor, nosso livro especial de orações, nos mostra que as celebrações desses dias, além da alegria, são de orações e nessas, Yom HaZicaron (Dia da Memória), a nos lembrar que seremos julgados pelo Criador de acordo com nossos méritos. Não fosse assim, não valeria a pena acreditar n'Ele. Não valeria acreditar em Deus. Na ressurreição, enfim.

Nesse tempo real, em que a ONU sediou em sua assembleia o pleito da tão esperada criação do Estado palestino, abrigou também a demagogia de sempre que prospera como tempestades no deserto a levar agressões contra o povo judeu. Nenhum inimigo - sobretudo, por ser esse um debate que não interessa - reconhece que no Oriente Médio, onde Calígulas proliferam, é Israel a única democracia existente. Habitantes eternos da Terra Santa, o povo judeu soube agregar o valor de fazer prosperar para si e para quem ali acorre, a sucessão da posteridade em um estado de liberdade.

A lição ensina que não temos que viver como se o dia de hoje fosse o último dia de nossas vidas, e sim, como nos tem mostrado o atravessar dos séculos, de que é possível contribuir para um mundo melhor. Na longa batalha em que se constrói a humanidade, a ideia de "martírio" não é mais que uma face ardorosa onde impera a suspeição excessiva, mista de entusiasmo e presunção. Fora daí tudo que resta é Péricles e sua Oração Fúnebre. 

Nessa luta estoica é preciso deixar de celebrar cada morto como se fosse o primeiro, de se jogar a terra, como se fosse possível, um funeral  ultrapassar a sabedoria e a dignidade.

Da percepção, o paradoxo, e nele as ações de guerra onde as conquistas do povo judeu não foi contra um povo, mas contra um sentimento, o da escravidão. 

A nossa consciência está alicerçada na existência de que nações só se consolidam com os braços de todos nós e de nossos pais. Não tem lugar para o salto no escuro. 

A morte é quem chega com perguntas sem respostas. Para superá-la,  reconhecer que não se carrega a paz por decreto, mas sim, por lutas, conquistas e superações. Não fosse assim, o mundo teria no Dia da Confraternização Universal a Constituinte de todos os povos. 

Shaná Tová.

- Um bom ano para todos!