Raimundo Primeiro
Já foi divulgada a programação das ações que serão desenvolvidas nos próximos dias em lembrança da morte do padre Josimo Tavares, cujo tema é "Memória dos 31 anos do Martírio de padre Josimo e de tantos outros mártires e resistentes na luta pela Terra".
Dia 10, às 7h, acontece Vigília e Panfletagem no Centro Diocesano de Pastoral, local do assassinato do religioso, localizado na Avenida Dorgival Pinheiro de Sousa, nas proximidades da Praça de Fátima.
Depois, às 19h, será celebrada missa, na Igreja de Santo Antonio, no bairro Nova Imperatriz.
Encerrando as atividades, o evento "Memórias e Resistências" acontece no auditório do campus de Imperatriz da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), situado na rua Urbano Santos, s/nº, Centro.
O padre Josimo Tavares foi assassinado em 10 de maio de 1986, Dia das Mães. O crime, de repercussão internacional, aconteceu nas escadas do prédio da Coordenação da Diocese de Imperatriz, na Avenida Dorgival Pinheiro de Sousa.
Considerado um mártir na disputa pela posse da terra no Brasil nos anos 80, padre Josimo Tavares defendia, principalmente, os sem-terra da região do Bico do Papagaio, na divisa do Maranhão com o Tocantins, ligando Imperatriz com São Miguel, município localizado do outro lado do rio Tocantins.
Realizam as atividades o Centro de Estudos Bíblicos (Cebi), Diocese de Imperatriz, pastorais, movimentos e organismos e Irmãs Dominicanas de Nossa Senhora De Monteils.
Texto de padre Josimo, escrito em abril de 1986:
QUEM É ESTE MENINO NEGRO QUE DESAFIA LIMITES?
Tenho que assumir. Estou empenhado na luta pela causa dos lavradores indefesos, povo oprimido nas garras do latifúndio. Se eu me calar, quem os defenderá? Quem lutará em seu favor?
Eu, pelo menos, nada tenho a perder. Não tenho mulher, filhos, riqueza...
Só tenho pena de uma coisa: de minha mãe, que só tem a mim e ninguém mais por ela. Pobre. Viúva.
Mas vocês ficam aí e cuidam dela.
Agora, quero que vocês entendam o seguinte: tudo isso que está acontecendo é uma consequência lógica do meu trabalho na luta e defesa dos pobres, em prol do Evangelho, que me levou a assumir essa luta até as últimas consequências.
A minha vida nada vale em vista da morte de tantos lavradores assassinados, violentados, despejados de suas terras, deixando mulheres e filhos abandonados, sem carinho, sem pão e sem lar.
"Morro por uma causa justa".
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