Meus amigos.

O reinado de Momo já começou. E como já lhes falei semana passada só depois dele é que iremos falar, novamente, sobre Direito do Trabalho. Na música brasileira, o termo carnaval é usado com vários sentidos poéticos, ora como convite ao namoro, ora associado à tristeza do fim de um relacionamento, ora à saudade de um amor passado.

O Carnaval é sinônimo de alegria, por isso, “Eu agora sou feliz, eu agora vivo em paz.” Também “Hoje eu não quero sofrer, Hoje eu não quero chorar, Deixei a tristeza lá fora, Mandei a saudade esperar, lá, rá, rá, rá, Hoje eu não quero sofrer, Quem quiser que sofra em meu lugar.”

Busca-se esperanças em conquistar uma namorada com o auxílio de seres que tenham poderes e daí, “na primeira sexta-feira eu vou eu vou morena procurar a feiticeira; meu pai de santo vai fazer assim ou me tira este quebranto ou traz você pra mim.”

Apelavam para a mãe e em metáfora pediam bebida cantando: “Mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar, traz a chupeta pro bebê não chorar.” Mas o coro respondia “Você pensa que cachaça é água, cachaça não é água não, cachaça nasce no alambique e água vem do ribeirão.”

Quando o Carnaval era uma brincadeira espontânea, e não a exploração comercial de hoje, o compositor cantou: “Olha o bloco de sujo, Que não tem fantasia, Mas que traz alegria, Para o povo sambar, Olha o bloco de sujo, Vai batendo na lata, Alegria barata, Carnaval é pular.”

E para que a amada ficasse mais tempo cantava “A noite é linda Nos braços teus, É cedo ainda Pra dizer adeus. Vem, Não deixes pra depois, depois. Vem Que a noite é de nós dois, nós dois. Vem Que a lua é camarada Em teus braços quero ver. O sol nascer.

Teve musica de carnaval que se transformou em hino da cidade mais bonita do mundo – o Rio de Janeiro – “Cidade Maravilhosa cheia de encantos mil, cidade maravilhosa coração do meu Brasil; Jardim florido de amor e saudade Terra que a todos seduz
Que Deus te cubra de felicidade Ninho de sonho e de luz.”

O amor de carnaval desaparece na fumaça, mas no ano seguinte ao encontrar aquela paixão do passado diz o enamorado: “Foi bom te ver outra vez Tá fazendo um ano Foi no carnaval que passou. Eu sou aquele Pierrô Que te abraçou e te beijou, meu amor. Na mesma máscara negra Que esconde o teu rosto Eu quero matar a saudade Vou beijar-te agora Não me leve a mal Hoje é carnaval.”

Mas o Carnaval tem suas músicas de fim e o poeta versejou assim: “Quem parte leva saudades de alguém Que fica chorando de dor Por isso eu não quero lembrar
Quando partiu meu grande amor Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai Está chegando a hora O dia já vem raiando, meu bem Eu tenho que ir embora.”

E Chico Buarque assim cantou a tristeza: A felicidade do pobre parece A grande ilusão do carnaval A gente trabalha o ano inteiro Por um momento de sonho Pra fazer a fantasia De rei ou de pirata ou jardineira. E tudo se acabar na quarta-feira.

Feliz Carnaval a todos.

Até a próxima, com cinzas.