Meus amigos. Escrevi esta crônica de carnaval pesquisando letras de músicas carnavalescas. Na música brasileira, o termo carnaval é usado com vários sentidos poéticos, ora como convite ao namoro, ora associado à tristeza do fim de um relacionamento, ora à saudade de um amor passado.
O Carnaval é sinônimo de alegria, por isso, “Hoje eu não quero sofrer, Hoje eu não quero chorar, Deixei a tristeza lá fora, Mandei a saudade esperar, lá, rá, rá, rá, Hoje eu não quero sofrer, Quem quiser que sofra em meu lugar.”
E ao longe se ouvia o cantar do “Ó abre alas Que eu quero passar Ó abre alas Que eu quero passar Eu sou da Lira Não posso negar Eu sou da Lira Não posso negar”.
A crise da água não é de hoje e já se cantava no século passado “Tomara que chova Três dias sem parar, A minha grande mágoa É lá em casa Não ter água Eu preciso me lavar. De promessa eu ando cheio Quando eu conto a minha vida Ninguém quer acreditar Trabalho não me cansa O que cansa é pensar Que lá em casa não tem água Nem pra cozinhar.”
E a paixão do Pierrô pela Colombina foi cantada assim: “Um Pierrô apaixonado Que vivia só cantando Por causa de uma Colombina Acabou chorando, acabou chorando A Colombina entrou num butiquim Bebeu, bebeu, saiu assim, assim Dizendo: "Pierrô, cacete! Vai tomar sorvete com o Arlequim!" Um grande amor tem sempre um triste fim, Com o Pierrô aconteceu assim, Levando esse grande chute Foi tomar vermute com amendoim”.
Quando o Carnaval era uma brincadeira espontânea, e não a exploração comercial de hoje o compositor cantou: “Olha o bloco de sujo, Que não tem fantasia, Mas que traz alegria, Para o povo sambar, Olha o bloco de sujo, Vai batendo na lata, Alegria barata, Carnaval é pular.”
E o amor de Carnaval foi assim descrito pelo sambista: “Oba, oba, oba, meu bem, me dê a mão Vamos pro meio do salão, A lua lá no céu é artificial
Porque é carnaval; Papai, mamãe não quer que eu namore pra casar, Ainda é cedo vamos brincar, Amor de carnaval desaparece na fumaça, Saudade é coisa que dá e passa.”
Mas no ano seguinte ao encontrar com seu amor de Carnaval assim dirigiu-se a ela: “Foi bom te ver outra vez Tá fazendo um ano Foi no carnaval que passou. Eu sou aquele Pierrô Que te abraçou e te beijou, meu amor. Na mesma máscara negra Que esconde o teu rosto Eu quero matar a saudade Vou beijar-te agora Não me leve a mal Hoje é carnaval.”
E para mais tempo ficar com a amada atacou romântico. “A noite é linda Nos braços teus, É cedo ainda Pra dizer adeus. Vem, Não deixes pra depois, depois. Vem, Que a noite é de nós dois, nós dois. Vem, Que a lua é camarada Em teus braços quero ver. O sol nascer.
Mas, há os exageros do Carnaval quando o letrista cantou: Se eu morrer amanhã, Não levo saudade, Eu, fiz o que quis, Na minha, mocidade. Amei e fui amado, Beijei, a quem bem quis, Se eu morrer amanhã, de manhã, Morrerei, feliz. (bem feliz !!!).
Mas o Carnaval tem suas músicas de fim e o poeta versejou assim: “Quem parte leva saudades de alguém Que fica chorando de dor Por isso eu não quero lembrar
Quando partiu meu grande amor Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai Está chegando a hora O dia já vem raiando, meu bem Eu tenho que ir embora.”
E Chico Buarque assim cantou a tristeza: A felicidade do pobre parece A grande ilusão do carnaval A gente trabalha o ano inteiro Por um momento de sonho Pra fazer a fantasia De rei ou de pirata ou jardineira. E tudo se acabar na quarta-feira.
Feliz Carnaval a todos. Até a próxima, com cinzas.
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