Meus amigos. Eu tenho um amigo chamado José. Sim para mim será sempre José. Esse meu amigo, hoje completa noventa anos. Poderia falar do deputado federal, do governador, do presidente da república ou do Congresso Nacional, do intelectual membro das Academias de Letras do Maranhão e do Brasil. Mas, não. Prefiro simplesmente falar sobre o amigo, do filho de Dona Kiola e como é bom falar do amigo do Largo de São Tiago desde 1949.

Amigo, assim posso considerá-lo, pois a amizade entre nós não nasceu fruto de interesses e sim do respeito e admiração mútuas. Entre amigos verdadeiros surgem sempre algumas coincidências e entre mim e José algumas ocorreram. Assim, foi na mesma casa humilde na cidade de Pinheiro onde José nasceu em 24 de abril de 1930, que minha mãe de mim engravidou em 1944, quando meu pai era médico e administrador daquela cidade.

Passa o tempo e em 1949 fomos morar na Rua das Cajazeiras em um conjunto residencial construído pelo IPEM. Duas casas depois da nossa veio morar meu amigo José. O destino assim nos aproximava. José, ao contrário de outros jovens da sua época, estava sempre bem postado, como calça e camisa bem engomadas, cabelo alinhado, sapato engraxado, sempre com um livro nas mãos, e não com bola de gude ou de meia. E não eram livros vulgares. Eram mestres da literatura universal ou os clássicos brasileiros. Foi através dele que me familiarizei com os nomes de Chateaubriand, Zola, Jorge Sand, Fernando Pessoa, Vieira, Camões, Almeida Garret, Eça de Queiroz, Gonçalves Dias, Machado de Assis, dentre outros. Foi meu amigo José quem certo dia me ensinou que nós da classe média para vencermos na vida teríamos que estudar e muito.

Também meu amigo José não bebia, estudava, não fumava fazia versos, não jogava, escrevia prosa, ou seja, não tinha vícios e desde aquela época, até hoje, consumia o seu tempo com coisas do espírito e reunia-se com outros amigos em tertúlias literárias ao invés de fazer farras.

Um dia José foi até a casa de meu pai mostrar-lhe uns versos que tinha escrito. Eu estava presente. Analisando-os meu pai então lhe disse: “bons os versos”; mas não nome do poeta, pois como tu, também me chamo José de Ribamar. Porque não grafar o nome de teu pai Sarney? Isso vai fazer a diferença. Assim, dali por diante passou a incorporar Sarney ao nome José e mais tarde toda a família.

Outra passagem que também aconteceu em minha presença foi quando meu amigo José perguntou ao meu pai se ele sabia jogar xadrez. Respondeu-lhe afirmativamente, meu pai. Meu amigo José já armando um lance confidenciou-lhe que estava querendo aprender algumas jogadas para enfrentar o Dr. Carlos Macieira. Entendendo a intenção do meu amigo meu pai perguntou-lhe. “O que estás querendo com a Marli”? Estou querendo namorar a Marli, mas sofro a oposição do Dr. Carlos, e esta é uma maneira de aproximação. Papai comprometeu-se a conversar com o seu colega e compadre e assim o fez e avalizou o namoro que terminou em um casamento feliz até o presente.

Meu amigo José: Poeta homenageia-se com versos e já disse um: “Amigo é aquela pessoa que o tempo não apaga que a distancia não esquece, que a maldade não destrói. É um sentimento que vem de longe e você não substitui por nada. Ser amigo não é coisa de um dia, são atos, palavras e atitudes que se solidificam no tempo, e não se apagam mais. Que ficam para sempre, como tudo que é feito com o coração aberto”. Parabéns.Felicidades meu amigo José. Até a próxima.