Meus amigos.

Hoje vou variar de tema e não escreverei sobre Direito do Trabalho. Vou aproveitar o momento eleitoral, pois domingo, dia 2 de outubro serão realizadas em todo o País eleições municipais que visam a eleger Prefeitos e Vereadores. Esses políticos cumprem um papel fundamental em suas comunas, e há quem afirme que o Estado Nação é a junção desses entes públicos. Não se pode dissocia-los, pois tudo começa no Município.

As eleições municipais são ricas em casos hilariantes uns verídicos, outros ficam por conta do imaginário. Mas verídicos ou, não precisam ser registrados para que não se perca a memória. Vamos a alguns.

Conta-se que na cidade de Vitorino Freire, deste Estado, quando os votos ainda eram representados pelas “chapinhas” em dia de eleição municipal ficava o Coronel do lugar em sua fazenda esperando que os eleitores ali comparecessem a fim de busca-las. Para os mais novos que não conheceram esse tipo de voto, explico que as mesmas eram feitas pelos próprios candidatos e os cabos eleitorais se encarregavam de distribuí-las aos eleitores na semana anterior ao pleito. Pois bem. Mas em Vitorino Freire o Coronel Manduca tinha tanta força que esperava sentado em uma cadeira preguiçosa na varanda de sua casa que os eleitores lá fossem para não só apanhar seu título de eleitor bem como os votos. Quando lá chegavam a primeira providência era chamar a empregada da casa para brindar o eleitor com um copo de cerveja, quente, naturalmente, pois não havia luz elétrica e as geladeiras a querosene eram raras. Após beber a cerveja com a espuma ainda a lhe ornamentar o bigode o eleitor recebia um envelope com os votos dentro. Quando ia se dirigir para a seção eleitoral e já na porteira quando queria abrir o envelope recebia a advertência do coronel: “Caboclo não abra não. O voto é secreto, se abrir será caso de nulidade”. Obediente ia até a cabine, depositava o voto na urna e voltava para dizer que havia cumprido com sua obrigação.

O nosso saudoso deputado Adail Carneiro certa vez me contou que em sua terra Primeira Cruz, ocorreu um fato inusitado. No dia das eleições um amigo seu que ali votava, disse-lhe que iria até Humberto de Campos, terra de seus pais que já haviam falecido. Adail lhe advertiu que teria que primeiro votar para depois ir. Mas o caboclo lhe disse. Posso esperar não deputado. Tenho que chegar lá bem cedo, pois me disseram que nas folhas de votação da seção que meus pais votavam em toda eleição eles lá comparecem e como tinham o costume de votar bem cedo vou ver se consigo encontrar com eles. Era fraude costumeira daquela época e ouvíamos sempre dizer que no Maranhão até defunto vota.

E o voto carretilha, já ouviram falar? Com o passar do tempo foram abolidas as “chapinhas” e foi introduzido o sistema de cédula eleitoral onde o eleitor tinha que assinalar o nome de seu candidato a Prefeito ou a Vereador ou escrever o seu número. Consistia esse tipo de fraude no seguinte. Como as cédulas ficavam nas seções eleitorais confiadas aos membros da mesa Presidente, Secretário ou mesário e como não havia a possibilidade de elas serem previamente distribuídas, confeccionava-se uma cédula idêntica a oficial e entregava-se a uma pessoa de confiança que se dirigindo à seção eleitoral recebia a cédula oficial, ia à cabine indevassável fingia que a depositava na urna, mas em verdade colocava na urna a falsa, levava a verdadeira, em branco para ser preenchida no comitê do candidato. De posse da cédula verdadeira o outro eleitor ia à seção e lá recebia a sua cédula, na cabine colocava a que havia recebido no bolso, depositava a que já havia sido preenchida e levava a que estava em branco para o comitê e lá recebia o valor combinado e assim sucessivamente. Perdia-se o primeiro voto, mas garantia-s os demais.

Ainda bem que foi inventada a urna eletrônica e mesmo com essa o folclore não parou. Lembro-me que nas eleições passadas em uma cidade localizada na Ilha de São Luís, correu solto um boato que se votava no candidato aparecia o seu retrato, mas o voto era computado para o outro. Desculpa de perdedor.

Espero que as eleições sejam livres, limpas, sem confusões e que a vontade do eleitor prevaleça, pois há muito já se varreram do Maranhão as fraudes que tanto estigmatizaram o nosso Estado no Tribunal Superior Eleitoral.

Até a próxima.