As ideias extremistas e insanas, tão pouco partidárias, de Donald Trump, o 45º presidente dos EUA, são de absoluta repugnância para a maioria dos cidadãos americanos... que não votaram nele! Parece que muito americano não votou nele, tendo em vista que Trump, democraticamente, voto a voto popular, perdeu as eleições. O sistema americano de voto é muito complexo. Talvez por isso, elege, em certas épocas, homens complexos. O presidente troca ofensas via Twitter, desliga o telefone na cara de premier australiano, já teve o primeiro escândalo, quando seu secretário de segurança pediu afastamento... ele deve ver tudo isso no final do dia na Casa Branca, tomar um gole de uísque, arrotar e dormir tranquilamente. Mas uma das suas ideias mais horripilantes está na construção de um muro que separaria os EUA do México. Ele anda dizendo a cada declaração que o projeto está sendo concluído. Roger Waters, lendário ex-cantor da banda Pink Floyd, disse que, se o muro for construído, irá realizar o épico show The Wall nas dependências do muro, assim como fez em 1990, após a queda do muro de Berlim, ao realizar um dos maiores shows de todos os tempos, que virou até documentário. A música clássica do disco, Another Brick in The Wall, que quer dizer Outro Tijolo no Muro, parece uma daquelas canções que vão se fortalecendo ao longo do tempo, onde sua filosófica parte áurea “Não precisamos de nenhuma educação...Não precisamos de nenhum controle de pensamento...ao todo, você é apenas mais um tijolo no muro”, condiz com a ironia do que realmente não precisamos, a não ser somente a educação social e política correta. Mas qual seria, realmente?
Dando um retrocesso vascular descomunal no papo, aqui em Imperatriz a música que Roger Waters poderia cantar seria The Hole, “O buraco”. Juntaria todos os ex-integrantes da banda Pink Floyd e cantaria na Beira-Rio, não antes de atravessar, com um trio elétrico, toda a buraqueira da cidade. Se conseguir acertar todas as notas da sua guitarra mágica, David Gilmour certamente se verá novamente de vez na banda. Num balanço incessante, dedilhar me parece muito complicado. A letra de The Hole, traduzida a parte mais interessante: “... Não precisamos de nenhuma desculpa esfarrapada de asfalto de farinha...Não precisamos de nenhum controle de pensamento no que diz respeito a consciência política...ao todo, você é apenas mais um buraco no chão...”.
“EI, BURACOS, DEIXEM O POVO EM PAZ”. Mas como assim? Você me pergunta. Tapar buracos nunca foi a meta do nosso prefeito Assis Ramos, mas parece que virou o principal projeto, pela rápida e necessária urgência que se pede. Para que The Hole não venda milhões de discos como The Wall, nossa cidade precisa ser olhada mais no âmbito do carinho da infraestrutura do que no olhar de revolta de seus moradores. Eu, por exemplo, não faria carnaval, destinaria a verba para arrumar a cidade. Mas vão dizer que estou falando bobagem. O que tem a ver cultura e infraestrutura, se dá pra gente pular carnaval como pular de buraco em buraco? Não sei, mas me parece que Donald Trump tem uma missão mais difícil que Assis Ramos e Roger Waters.
Fazer um muro separando países deve entrar para a história como mais um fracasso de líderes deturpados mentalmente. Asfaltar ruas deve entrar para a história como uma obrigação que deverá ter no mínimo anos de duração. E após escrever The Wall e querer repetir o sucesso com The Hole... nunca duvide de Roger Waters.