Na passagem bíblica do filho pródigo, acontece uma história interessante, onde um homem tinha dois filhos. O mais moço, em determinado momento, chegou ao pai e disse: "Pai, dá-me a parte da herança que me cabe". Rodou o mundo. E consumiu todo o dinheiro, despejando a herança do pai de todas as formas. Foi contratado para trabalhar em uma fazenda, pois nem dinheiro tinha para comer. Chegou a ser guardador de porcos e rezava para que, na lavagem, sobrasse algo para ele comer. Caindo em si, pensou: "Meu Deus, quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura e eu aqui morrendo de fome! Irei ao meu pai e direi: 'Pai, pequei contra o céu e contra ti! Trata-te como a um dos teus trabalhadores, já não sou digno de ser chamado de filho'". Ao voltar para casa, o pai de longe o avistou. O abraçou, beijou. E pronunciou: "Trazei depressa a melhor roupa, ponha-lhe anel no dedo e sandálias nos pés! Porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado! O filho mais velho voltou e escutou a grande festa que o pai fazia. Músicas, danças e comidas. Ele não quis entrar na festa, dizendo: "Pai, sempre estive contigo, nunca neguei uma ordem tua, portanto nunca fizestes uma festa ou matastes um novilho para mim. - Filho, tudo o que é meu é teu. Teu irmão estava perdido e foi achado! Estava morto e reviveu.
Em tempo paralelamente à passagem bíblica:
Há praticamente treze anos, meu tio Paulo Duarte virou pra mãe dele e disse: "Mãe, vou tentar uma vida diferente nos Estados Unidos". Então, minha avó repartiu o coração e deu-lhe em prantos para que pudesse seguir viagem. Viajando pelo primeiro mundo, Paulo conheceu uma vida difícil, porém rica em conhecimento. Aprendeu novos valores, uma nova língua. Conquistou todos os dias ao lado do filho Sérgio um novo Sol para viver, na esperança de um dia voltar para casa e reencontrar a maior riqueza de um ser humano, que é a família. Aniversários, datas festivas de fim de ano, vitórias e perdas, ele acompanhava de longe, ocupando a mente com a sabedoria de que as coisas foram assim, porque alguma coisa Deus tinha para lhe mostrar.
Paulo percebeu que teria que voltar. Ensaiou a volta algumas vezes e quase acertou uma vez, mas ainda não era a hora certa. E nós sabíamos. E em 2013, após quase 13 anos separado da família, tendo guardado no peito todo o amor repartido que nós demos a ele no dia de sua partida, eis que Paulo volta com seu filho já grande, com o velho sorriso no resto e a mesma alegria de sempre. Chegou e sua mãe logo disse: - Hoje o café da manhã é lá em casa, com cuscuz e bolo tijuca. O almoço segue com chambari, macarrão ao molho branco e galinha. Amém!
E assim foi feito. Antemão a chegada de Paulo e meu primo Sérgio, o dia 15 de fevereiro de 2013 fora muito esperado. O filho que foi embora com um filho pequeno no colo, que enfrentou momentos de dor, solidão e angústia, mas que sobreviveu, na força do amor que levou consigo, na fé em Deus e no sonho de plantar, todos os dias, a porta que germinaria a sua volta para Imperatriz, senta à mesa que nunca teve o seu lugar ocupado. Sejam bem-vindos Paulo (e) Sérgio. Em volta da sua casa, as paredes, tetos e portas têm escrito: "Love you and never say goodbye".
Phelippe Duarte
Edição Nº 14631
A volta dos que não foram
Phelippe Duarte
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