Os elefantes brancos instalaram-se no Brasil. A Copa das Confederações poderia ser chamada de zoológico gigante. O país que tem filas e mortes dentro de hospitais por falta de recursos, crianças que dormem nas ruas e usam como travesseiro tijolos e papelão como cobertor não merece uma Copa do Mundo. Um paciente que está morrendo nas filas de hospitais não tem interesse de ver R$ 1 BILHÃO DE REAIS sendo gasto em campo de futebol. É uma vergonha, falta de respeito. "Ah, o brasileiro é um povo feliz, alegre, saltitante". Amigo, o brasileiro é um povo que precisa de educação e saúde para evoluir. E não de um torneio que durará um mês e consumirá bilhões de reais. Abaixo, confira quais são os estádios prontos e os estádios inacabados, e quanto cada um custou e ainda vai custar para os cofres públicos.
MARACANÃ, Rio de Janeiro: Custando 1 bilhão de reais, estando 100% pronto, o Maracanã, que já foi palco de jogos emblemáticos, hoje não lembra nem um pouco o velho e grande palco de craques como Zico, Romário e tantos outros. Um escândalo de valores e superfaturamentos, onde charme foi enterrado debaixo da marca do cal. Enquanto 1 bilhão de reais foi gasto na construção de um novo estádio no lugar do velho Maracanã, o povo do Rio continua vendo a cidade do jeito que é: maravilhosa. Tudo está bem. Vergonha.
CASTELÃO, Fortaleza: 100% pronto, o Castelão foi um dos primeiros estádios a ficar pronto. Com o custo de 519 milhões de reais, a capital do Ceará solta o dinheiro sem pestanejar. Não justifica os gastos na cidade que vem vertiginosamente crescendo a criminalidade na última década. Vergonha.
MINEIRÃO, Belo Horizonte: Recebendo jogos do Campeonato Mineiro e agora do Brasileirão, o estádio, que consagrou Dadá Maravilha e Reinaldo, está entregue ao povo (FIFA) pela bagatela de 665 milhões de reais. A cidade onde não houve tantos problemas, pelo fato de ser considerada modelo em gestão administrativa. Porém, o maior problema é o problema da dinheirama. Não é porque Minas Gerais é um Estado referência que tem o direito de queimar milhões em um estádio. Vergonha.
MANÉ GARRINCHA, Brasília: Como um drible de Mané, nos manés que somos, Brasília não poderia ficar por baixo. Queimando 1 bilhão de reais em seu novo estádio, a capital dos ricos ilícitos não gastou tudo o que tem. Surpreendeu-me não chegar no trilhão. Mas talvez para não dar tanto na telha, melhor gastar 1 bilhão, que o povo engole tranquilo. Depois da Copa, o lindo Mané Garrincha receberá jogos da Campeonato Brasiliense. Sensacional. Vergonha.
FONTE NOVA, Salvador: Não vou nem gastar palavra. 592 milhões e na primeira chuva, uma parte da estrutura superior cedeu. Se já matou gente em uma tragédia há pouco tempo, a Fonte Nova poderia secar um pouco essa fonte e o desejo de cair. Vergonha.
PORTO ALEGRE, Rio Grande do Sul: 71% da obra concluída, já tomou dos cofres 330 milhões. Com prazo para dezembro, deve investir e mentir para gastar o dobro.
ARENA DA BAIXADA, Curitiba: Antes, um dos estádios mais belos do Brasil deveria passar por uma reforma e não uma complicação geral. Com 68% concluído, é o primo pobre. Apenas 185 milhões.
ARENA DAS DUNAS, Natal: Cidade do litoral do Nordeste, Natal está entre as sedes com o devido gasto de 400 milhões e a incompetência de 61% das obras prontas. Vergonha. Daqui pra entrega, devem ser gastos mais 400. Ou 500.
ARENA DA AMAZÔNIA, Manaus: 62% das obras já consumiram 583 milhões de reais. Estão tirando leite de cobra pra terminar o estádio. Para que melhor ser mais como cidade, a não ser por ter um estádio lindo? Vergonha.
ARENA CORTINAS, São Paulo: Darei só os dados. 69% das obras concluídas, 820 milhões gastos. Fechem as cortinas, esse estádio vai passar de 1 bilhão.
Somem agora todos os estádios. Até agora, foram gastos mais de 6 bilhões em grama, traves, arquibancadas, refletores, cal, catracas e outras babaquices. Uma união, uma corrente pra frente da FIFA e dos políticos brasileiros, para uma torneio de um mês. Aqui, não contou-se obras de infraestrutura para receber o mundo inteiro. Acredito piamente que os estádios prontos poderão servir de área de pouso ou até mesmo hotéis para os turistas. País sem estrutura, mas com estádios sensacionais. País sem hospitais, sem escolas, sem ruas. País da fome, da miséria, da pobreza, dos índices mais escrotos do Planeta. O país que gasta 6 bilhões em grama para como lembrança, os burros comerem. Os burros?
Nós. VERGONHA!
Phelippe Duarte
Cronista e poeta
Edição Nº 14730
Vergonha
Phelippe Duarte
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