"E vem desfilando pela avenida peculato o carro alegórico 171, do carnavalesco Renan Calheiros com o tema -Brasil, eu te amo, obrigado - A escola de samba 'Unidos da Corrupção' homenageia este homem tão famoso e grato aos brasileiros,por terem esquecido os seus empréstimos sem devolução ao dinheiro público e consagrar-se presidente do Senado novamente". A Unidos da Corrupção está alguns anos pleiteando votos para ser campeã, algo parecido com o mensalão, comprando os votos dos jurados e técnicos de fantasias e alegorias. Agora, vindo pelo centro, o mestre sala é o seu suplente, João Durval, e a porta bandeira, que já tem nome de escola, ficou a cargo de Ângela Portela, que veste uma linda fantasia abotoada em ouro, com detalhes em dólares. No mestre sala, nota-se pequenas imagens de notas fiscais, que devem ser falsas como as que são apresentadas por Renan e na ombreira da roupa, minúsculas imagens de gados, simbolizando o sucesso do presidente do Senado na zona rural.
Neste ano, a Unidos da Corrupção tem no seu refrão os seguintes dizeres: "Doutor, eu não me engano, o homem é rico e alagoano". A massa inteira canta esse refrão. Observamos chorando na arquibancada crianças, mulheres, homens, idosos. Todos choram pelo novo presidente da casa mais experiente do Brasil. Um choro intenso. De tristeza pura e profunda. Sabem que o erro é do alagoano, mas que reflete no Brasil.
A família dele em Alagoas perde só para Fernando Collor. O "lladrão" chegou à Presidência da República e, talvez, Renan ainda sonhe com essa empreitada. Se chegar lá, confirma a nossa insistência em praticarmos o "jumentismo" nas urnas. Eu não responderei pela maioria, continuarei votando em quem acho menos pilantra. E os justos e honestos são os mais fracos em apoio, sempre foram, e não vejo um futuro muito bom para eles.
No Senado, Renan terá novamente a audácia de comandar a Mesa Diretora e atentar-se carinhosamente a uma verba de R$ 3,5 bilhões e mais de 6,4 mil funcionários, fantasmas ou não. O poder está novamente na mão de um homem que sobrevive de política e dinheiro público desde o final dos anos 70. Eu não tenho culpa nessa história de amor, mas acabamos fazendo parte deste erro, pois o cargo que Renan ocupa nos dá o direito de tirá-lo. Mas quem fará esse movimento? Quem atiçará os anseios perdidos e os princípios antigamente ávidos do povo brasileiro? Somos reféns de homens que mandam em seus Estados e estendem o poder regional para além do que um dia sonharam. Devagar, estes homens tornam-se tentáculos do país, alimentados por nós. Se você sonha em ser político e quer eleger-se rapidamente, tem que estar ao lado dos engravatados. Ao lado da minoria, a chamada bancada honesta, no máximo consegue olhá-los na revista Veja, em denúncias e ilegalidades.
O carro alegórico de Renan Calheiros vai passando. Jogando panfletos que dizem: "...O objetivo em si mesmo é o Brasil, é o interesse nacional. A ética é meio, não é fim. A ética é dever de todos nós". Frase dita por Renan ao assumir o Senado. Falar em ética é falar em respeito. O homem é acusado de peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos, fora outras acusações que pesam sobre o seu nome. Mas parece-me que quanto mais sujo for o nome do cidadão político, mas moral, poder e preferência no partido lhe é dado. Ser sujo na política é sinônimo de reeleição. Renan ainda afirma que a ética é obrigação de todos. Mas a única obrigação é a dele mesmo. A de se retirar.
Grande carnavalesco que é, Renan cairá na folia mais uma vez. Jurado esclarecido que sou, já dei minha nota:
Unidos da Corrupção... ZERO! "Doutor, eu não me engano, o Brasil vai pelo cano".

                                                  Phelippe Duarte