Phellippe

Uma conversa por lá dos arredores de cima registrada aonde o vento faz a curva e a felicidade ignora quaisquer resquícios de sentimentos ou antídotos antialegria foi revelada nos bastidores do Céu. Muita gente em volta para tentar decifrar uma maneira de dar um pouco de luz e vida para algumas pessoas aqui na Terra. Em uma cadeira estava sentado um homem que já estava navegando pelas nuvens havia uns anos. Ao lado dele uma cadeira vazia. Então ele disse:
- Só tomarei esta decisão quando ele chegar! Além do mais, estou querendo conhecê-lo bem melhor.
O anjinho retrucava:
- Mas Sr. Cleonir, saiba que poderá tomar por si mesmo essa escolha, pois chegastes primeiro por aqui.
- Fica tranquilo, meu anjo. O senhor que está vindo sentar aqui do meu lado precisa partilhar isso comigo. São ordens do Senhor.
O mês que se iniciava era outubro. De repente, olhando de cima para baixo, tudo ficara cinza. O vento que soprava sem a intenção de confortar alguém agora agia mais rápido e parecia gelar as pessoas em Anápolis-GO. Arrastado pelo seu coração, Sr. Dorvano chegou aos céus. Meio perdido, fora recebido por Cleonir.
- Olá meu amigo. Seja bem-vindo. Hoje posso dizer que a minha missão foi cumprida, assim como a sua. Venha para perto de mim e vamos conversar. Estava esperando a sua vinda, para tomarmos uma importante decisão.
- Uai. Mais ocê me parece bem familiar – disse Dorvano.
- Aqui todos somos irmãos e familiares. Sente-se.
Dorvano sentou na cadeira e Cleonir começou a falar. Disse que estava com uma decisão importante nas mãos. A de levar alegria para a sua família que deixara e que a ajuda de Dorvano seria imensamente decisiva para isso. Como ele já sabia, falou que seu filho mais velho vivia o amor em sua mais perfeita forma com a filha mais velha de Dorvano e que àquela altura, com a partida de Dorvano, a tristeza estava sendo compartilhada por ambos. Mas que os dois juntos, os dois papais que se foram, poderiam mudar tudo isso, pois Deus tinha concedido a eles uma oportunidade de acalmar um pouco os seus corações.
- Benício - Disse Dorvano - Mas não agora Cleonir. Ainda não é o tempo correto, pois pelo que vejo daqui de cima, minha filha não está pronta neste momento.
- Dorvano, você me surpreendeu. Eu estava exatamente pensando nisso. Acredito que um filho poderia dar a eles uma alegria, um sopro de felicidade. Seria o primeiro Dia dos Pais do meu filho em 2013 e o primeiro da sua filha sem você, mas ela já poderia estar carregando nosso neto.
- Que tal em janeiro eles providenciarem?
- Em fevereiro ela descobre?
- Combinado. Que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora providenciem a concretização desse amor da forma como assim Deus quiser.
- Agora, Dorvano, a gente fica por aqui rezando e tentando às vezes aparecer em sonhos. Já que não estamos mais em presença que daqui nós possamos abençoar a vida que estará chegando.
- Concordo meu amigo. O que Deus uniu que assim seja eterno.
Não sou espírita nem devoto de acreditar em certas coisas deste assunto. Mas só depois que perdemos alguém é que ganhamos a confiança de acreditar que de alguma forma, para acalmar nossos corações partidos, essas pessoas estejam em um ótimo lugar, juntas, guiando-nos sem a precisão de uma estrada, mas tendo o amor como norte.
Em fevereiro, a notícia da chegada de Benício mudou completamente a minha vida e a de Danila. Ele está pra chegar em nossos braços. Em seus olhos sei que trará um pouco de cada avô que já se foi. E saberá que no mês em que ele irá nascer é o mesmo mês em que Deus levou os seus avôs. Benício veio para alegrar e dar vida ao mês de outubro, que tanto ficou marcado por tristezas. Veio para iluminar o resto de nossas vidas.
Feliz Dia dos Pais para todos o pais com filhos ainda com as mamães e para os pais que já olham nos olhos dos filhos. Por mais que seja um só dia a comemorar, nós sabemos que esse amor é para todo o sempre. É da batalha de todos os dias.
- Negão, e agora, o que a gente faz?
- A gente fica por perto, Dorvano. A gente ficar por perto.

Phelippe Duarte
Cronista e poeta