Este ano comecei meio sentimentalista, sentimento comum para mim, mas que às vezes tira férias do meu coração. Não que eu esteja me escondendo de outros assuntos. É que destacar o lado mais humano da vida tem lá suas vantagens explicitamente coerentes com o amor. Hoje, quero celebrar o ontem. Isto não é nenhuma hipocrisia, nem uma nostalgia sem tamanho. E o ontem é um refúgio para as garras do presente, que se amanhã será ontem, não custa nada tentarmos entender como e por que gostamos tanto de olhar para trás e dizer: que saudade! Será que o melhor era quando Lula não estava no poder e era oposição? A alma mais viva está com a Lava Jato na cola... Bom, não sei, vamos manter o foco, isso é um assunto delicioso para domingo que vem!
Perdemos muito tempo falando demais e não obedecendo às nossas palavras. Queremos muito e fazemos menos. Criticamos a política, a educação, a saúde e achamos que nosso voto era o único a ter a obrigação de mudar tudo. A nostalgia política nos remete a líderes do passado. A nostalgia da família nos reflete o pesar da saudade todos os dias, seja a viva ou a que já partiu. Tenho a mais absoluta convicção que toda vez que você olha para o passado, você esquece do presente e, quiçá, do futuro. Desejando ser mais ontem, querendo buscar alguma resposta para os problemas de hoje, resolvendo, assim, o seu amanhã. Os músicos regravam canções, regravam suas canções e relançam. Bandas de rock vivem de suas músicas de 30 anos atrás, e só. O trá trá trá trá da Vingadora mata a todos diariamente e ganha notoriedade pela falta de criatividade no meio musical. Políticos corruptos são reeleitos com processos em andamento, porque não há um político novo que os combata. Os novos são Tiriricas e pensam mais em aparecer do que arrumar uma solução. As pessoas de ontem, não generalizando, tendem mais a saber o rumo certo das coisas. A história tem saudade. E não era pra ser assim.
E em relação a isso, quero dedicar este texto a uma das maiores assistências que Deus nos deu, há exatos 56 anos, quando mandou pra este nosso mundo difícil, mas ao mesmo tempo gostoso de se viver, o nosso querido Carlos Humberto Soares Melo, vulgo Brother, casado com Zilma Bandeira, filha do ilustre cidadão imperatrizense Olímpio Bandeira. Daí você já vê que Carlos Brother é um cara diferenciado. Já começou sendo genro do Seu Olímpio. Recomeço dizendo que quando perdi meu pai, o norte que nos guia passa a ser alguém mais velho, seja um parente ou amigo mais próximo. Posso dizer que esse velhinho craque de bola, campeão de tudo quando mais jovem no futebol de Imperatriz, é a imagem de um pai que eu tenho bem próxima a mim. Homem honesto, íntegro e trabalhador, pais de três filhos e avô de um menino lindo. Recentemente, Carlos também perdeu seu pai, por uma daquelas bobagens da vida. Ele sente muito, como eu sinto a perda do meu. O amor e a saudade não escolhem idade. São pessoas como Carlos que fazem a nossa luta valer a pena, é por pessoas como ele, humildes, sinceras e de conversa fácil, que acredito que existe esperança em nosso país. Grande fã de Zico, o maior ídolo da história do Flamengo, por pouco não nasce no mesmo dia do Galinho, que é do dia 03/03. Rei das assistências nas nossas peladas de sábado da turma do Azulão, Carlos foi, sim, uma das maiores assistências de Deus no campo da vida, para a família dele e para a minha vida, como aprendizado. Que seus filhos, seu neto e, por que não, meu filho possam ter um dia a sua essência inspiradora humanista, que completa todo esse cara sensacional que é você. Que você continue jogando essa bola toda até mesmo quando não puder mais. Pois você é daqueles que fazem jus ao clichê da boleiragem: craque dentro e fora de campo. Que ontem as pessoas sejam mais humanas amanhã, como você.
Edição Nº 15555
Uma assistência de Deus
Phelippe Duarte
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