Quando eu fiz 20 anos, a primeira coisa que coloquei para escutar naquela manhã, de 28 de agosto de 2004, foi a música 20 poucos anos, do cantor Fábio Jr. Sem saber de muita coisa, como todo bom jovem sonhador, estava entrando em uma década que mudaria profundamente a minha vida. Entrei nos 20, sem saber direito o que a vida guarda para nós quando decidimos encarar de frente tudo aquilo que queremos. E, a partir dos meus 20 anos, tudo se modificou.
Meu coração, partido, andava meio esquecido de mim naquela época, preocupando-se com situações que não tinham mais controle, ou quem sabe, nunca tiveram. Passei a observar a vida não como uma estátua de Carlos Drummond em um banco de praça à beira do mar. Mas como um garoto que duvidava de si mesmo, porém sem perder a confiança de que sabia fazer as coisas darem certo. Nunca me vi com 30 anos. Nunca me vi com filho. Nunca me vi sem meu pai. Nunca imaginamos que o ontem corre muito mais do que o amanhã.
Fiz 30 anos no dia 28 de agosto de 2014. Desde os 23 anos, escrevo para o Jornal O PROGRESSO. É, são 07 anos nestas páginas escrevendo às vezes sem nexo, outras vezes com desconexo. Mas escrevendo. Aprendi tanta coisa sem planejar nada. Nunca planejei minha vida para nada. As coisas foram acontecendo, acontecendo... e a maturidade que tanto eu já tinha sem perceber, o tradicionalismo que tanto eu tentava evitar, floresceu como um dia quente, batendo na janela do meu quarto. 
Nunca soube escrever falando de mim. Mas sim de certos momentos da minha vida em que eu praticamente colocava tudo o que meus anseios, sentimentos e agonias pediam para virem à tona. Alguns chamam de poesia. Lancei dois livros sem saber realmente se aquilo poderia ser chamado de livro ou desabafo. Livro é algo que contém conteúdos de gente grande. E eu lá, 19 anos, no Teatro Ferreira Gullar, declamando meus sentimentos e contradições para umas 130 pessoas. Tímido, inquieto, pensativo demais, introspectivo e, de repente, audacioso. Graças a Luís Brasília. E graças a ele e ao meu pai, lancei outro livro. Este mais maduro, pesado. Este, sim, posso chamar de livro e não desabafo. Poesias pensadas, na maioria das vezes escritas em minutos, até segundos... numa explosão de palavras que às vezes saíam sem meu raciocínio querer. Meu sentimento sempre agiu por mim. Tenho ainda material para uns 03 livros ou mais... só Deus sabe quando terei coragem de fazer algo novo. Cheguei aos 30 anos com o maior presente que um homem pode ter na vida: um filho. Meu Benício é o resumo e o retrato de que posso me orgulhar. Posso dizer que vim a este mundo e deixei muito além das palavras poucas e atrapalhadas: Benício veio para um homem meio louco que só atingia o ápice das suas loucuras quando acompanhado de uma boa grafite amarela. O meu filho não sabe escrever nem falar ainda, mas ele existe em tudo o que eu falo e escrevo.
Obrigado por tudo é o que tenho a dizer. Espero continuar nesta página por mais 50 anos e até, quem sabe, publicar um livro de tudo o que já deixei gravado por aqui. Era um sonho de Luís Brasília e de meu pai, que guardo com carinho e tenho certeza que saberei a hora certa de fazer.
Quando você faz uma idade como esta, a primeira coisa é olhar para trás. Parece que tudo zera, tudo se encerra e um clico novo começa a se desenhar a nossa frente. O que é a vida, se não um presente de Deus? Uma dádiva, um privilégio a ser aproveitado sem medo do que o amanhã poderá nos trazer. Eu vivo o hoje, pois sei que o ontem faz parte do início deste texto. O agora me pertence, o futuro se faz presente em mim. Sou o que somente eu posso ser e não o que os outros pensam que posso oferecer.
Chego aos 30 anos sendo o mesmo cara que fui aos 20, 10... uma pessoa do bem.
Obrigado a Deus por tudo e por nada.
Obrigado aos meus pais pela educação e amor.
Acredito que o amor deixa de ser abstrato quando torna-se um só. Que eu continue por aqui, por mais 30, 40, 50 anos... quem sabe ainda irão me ler nesta página.

Phelippe Duarte
Cronista e poeta