Phellippe
Em 100 anos de seleção brasileira, nunca fomos tão destruídos por outra seleção dentro de campo. Você já parou pra pensar?
7 x 1. É exatamente isso. O Brasil não estará em campo hoje à tarde, porque levou sete bolas em um jogo contra a Alemanha. Eu fiquei sem escrever todo este mês para analisar friamente tudo o que aconteceu e poderia acontecer na Copa realizada pelo nosso país. Sempre fui contra a Copa aqui no Brasil, mas não contra o futebol. Quebro copo, pulo, choro, me emociono. Sou assim com meu Palmeiras, que só me deu tristeza recentemente (com Felipão) e não seria diferente com a seleção. Mas a Copa, em termos de futebol, foi um espetáculo à parte. Gols para todos os lados, jogadas e gols incríveis. Esta realmente pode ser chamada a Copa das Copas. A Copa em que o Brasil gastou mais do que deveria e perdeu em campo como nunca deveria. Os manifestos foram poucos, inquietos em alguns instantes, mas nem tanto, comparado com o que vimos ano passado na Copa das Confederações. E o futebol jogado pela seleção desde o primeiro jogo, medíocre. Todos os jogos foram preocupantes. Claro, bater em Camarões não era uma tarefa difícil. Bater em cachorro morto é fácil. De resto, pura falta de condicionamento tático e técnico, jogadores comuns e nada mais. Lembro que falei que a seleção de 2010 era comum e que Dunga tinha convocado totalmente errado. Naquele ano, Dunga tinha opções, outros jogadores poderiam ter estado lá. Em 2014, estas opções secaram. Luiz Felipe Scolari jogou com um time normal guiado por uma estrela midiática forte, que joga muito, brilha muito, mas tem muito marketing em volta. Neymar é craque? É sim. Muito craque. Mas sozinho, nos dias de hoje, não há possibilidades de ganhar nada, seja na vida ou no campo de futebol.
Barbosa. Vocês sabem quem é Barbosa? É o cara que mais sente-se aliviado depois da humilhação sofrida pelo Brasil em Belo Horizonte. Sente-se aliviado no céu, agarrando nuvens de algodão e livre para voar sem medo. Barbosa carregou até o fim da vida uma dor injusta e infame pelo segundo gol sofrido contra o Uruguai, na Copa de 1950. Aquilo não foi nada. A seleção de 50 perdeu aquele jogo jogando muita bola. Hoje, nós sabemos o que é ser humilhado de verdade em campo, dentro de casa. O prenúncio de que nosso futebol está perdido taticamente vem sendo pronunciado ocultamente há tempos. As vitórias só nos enganaram. Estamos anos luz do futebol praticado fora. Nós provocamos isso nos europeus. Eles aprenderam a jogar futebol para ganhar do nosso futebol. Nós ainda somos ídolos dos caras e temos o respeito deles. A Alemanha, no jogo contra o Brasil, tirou o pé nitidamente. Não quis mais fazer gols e os comemorava com uma frieza que lhes é peculiar, porém notava-se um ponto inquieto de incômodo por humilhar a seleção anfitriã. A vergonha de ser dentro de casa só aumenta a dor e congela o momento eternamente em nossas memórias. Mas levar 7 x 1, seja aqui ou na Europa, é duro, meus amigos. É duro. A Espanha, ainda atual campeã, levou de 5 gols no primeiro jogo da Copa. O futebol é um esporte hoje o qual podemos chamar de “não-óbvio”. O que dizer quando um time como a Argélia leva quase 120 minutos para levar um gol da mesma Alemanha que enterrou a seleção brasileira? O que dizer de um time como a Costa Rica, que classificou-se em 1º lugar em um grupo que tinha Itália, Inglaterra e Uruguai? O futebol promove emoções únicas, cria debates onde poucos têm razão e muitos têm opinião.
Ainda somos o país do futebol ou o país que já jogou futebol? Neste dia de final de Copa, quero agir como os jogadores da Alemanha: vou respeitar, mas sem deixar de jogar. Domingo que vem, bateremos na cara da politicagem como Zúñiga, jogador da Colômbia que tirou Neymar da Copa. Reflexões finais:
Desculpa por tudo Barbosa, agora descanse em paz de verdade. Desculpa por tudo Neymar, você não merecia este time, mas esse assunto é profundo.
Desculpa professor Luiz Felipe Scolari. Depois de mandar todos pro inferno após o jogo contra o Chile, é hora de se aposentar e o senhor mesmo conversar com o tinhoso.
“Desculpa meu povo” David Luiz.
E para a Argentina... obrigado Di Stéfano. O único argentino do qual gostei.
Que a Copa do Mundo hoje termine nas mãos de quem merece. Ainda há tempo para sermos campeões. Em outubro, votemos certo. A taça será nossa, finalmente.
Phelippe Duarte
Cronista e poeta
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