Domingo passado, eu disse que Imperatriz não tinha segurança. Agora, devido à greve da Polícia Militar, Civil e dos Bombeiros, o Exército tomou conta de nossas ruas. Ao ver a cena de tanques de guerra pela cidade, lembro de passagens da história mundial, onde crianças e adultos inocentes viam soldados armados tomarem conta de suas cidades e ações. Chamavam guerra de revolução. E paz, de domínio político. Se virem alguém barbado ou de bigodinho por aí, por favor, sem comparações. Mas parece-me que estamos vivendo um caos completo.
Dê uma volta por Imperatriz. Havana, 1959. Ande mais por dentro, nos bairros mais intermunicipais. Alemanha, totalmente dominada, 1945. Exageros à parte, o que consolida a ideia de falta de segurança? A greve dos funcionários que deveriam nos proteger ou o medo de que a qualquer momento uma criança possa correr com receio de atravessar a rua pelos soldados armados? “Tio, me dá uma bala”? Não, é melhor nem pensar no absurdo. Diziam sempre que a revolução transformaria um país complicado, bombardeado pelo egoísmo dos seus políticos, em uma nova ordem. A ordem da democracia. Mas as revoluções que se seguiram, em sua maioria, foram do êxtase aos seguidores dos revolucionários. E uma nova ditadura, onde os comandantes amavam-se acima do povo, e na mesma medida, reféns do poder que exerciam.
Estranho reviver ou reverenciar um tipo de segurança que assusta. No filme Tropa de Elite 2, um ativista social, que logo vira deputado, diz em uma entrevista: “Como um símbolo de uma polícia pode ser uma caveira?”. É, sim, de questionar o pensamento de nossos protetores ou que deveriam ser nossos protetores. Eles querem combater com medo quem traz o medo? A tática funciona. E é mais funcional por ser aqui, onde o costume do mercado é de matar no atacado. O varejo, só de encomenda.
Mas pela percepção de uma ótica diferenciada, você consegue analisar o porquê de, desde os primórdios, a vida tem em suas maiores guerras, covardias e vitórias, a total dependência exclusiva de duas coisas: dinheiro e poder. O que há por trás da greve? Falta de dinheiro. O que o dinheiro geraria? Reconhecimento? Sim, mas poderia ser visto como consequência. O que há por trás de uma revolução? Falta de poder. O que o poder geraria? Dinheiro. Domínio. O que poderia ser visto como arte, como amor, como entrega social. Dinheiro é consequência. Os socialistas não vivem sem uma televisão. Vivem? A segurança, assim como o capitalismo, são produtos. Há de se convir que você os obtém ou não. Simples. A questão de tudo bate sempre de volta a nós. Para Imperatriz. O Exército passeando pelas ruas da cidade, altamente armado, em tanques de guerra, é para garantir a segurança que os grevistas deveriam estar fazendo ou é para nos assustar, nos mostrar que estamos totalmente despreparados para uma vida pública sadia, pacífica e comum? Amigo, calamidade é o nome de Imperatriz. Quando criança, roubavam meu boné, aqui na esquina do Juçara Clube. Desde então, nunca mais andei na rua com boné. Hoje, seu filho anda por aqui e vê o Exército andando armado na cidade e tenta explicar pra ele que é por questão de segurança. Mas sabemos nós que é por falta de segurança. Que o Estado e as principais autoridades resolvam logo a questão dos policiais e bombeiros. Porque mesmo que à vista não se veja fogo, a fumaça começa a cegar nossa paz. E cá pra nós, não dá pra andar na Bernardo Sayão e ficar lembrando de Fidel Castro ou do Hitler. Se sou o único a ver, melhor ficar protegido em casa.

Phelippe Duarte
Cronista e poeta