Depois de muitos anos, você começa a perceber o tão comum que é tentar ser diferente. O tanto que os anos passam e você envelhece não pelas rugas, mas pelas atitudes antigas e erradas. Posiciona-se contra o tempo na chance irrelevante de esperar que o mesmo pare (vulgo Cazuza) e que as disparidades absurdas que pensamos que vão de desencontro a quem mais amamos podem vir a ser realidade. Um pesar em 2011, que poucos sabem, é que no final do ano pedimos as mesmas coisas de 20 anos atrás. Uma bobagem? Uma utopia lógica e corriqueira? Precisamos mais do que renovação, prosperidade. Se pedimos isso todo final de ano, é porque não conseguimos realizar durante o ano que se passou. Seres humanos incompletos e não menos burros são os políticos. Capitães de um barco moroso, em um mar revolto de cifras. São os mesmos. Pedem sempre as mesmas coisas. E conseguem: corrupção dos pedidos para o ano. Eles conseguem usurpar até nisso. Sou mais a gente.
O pesar ainda fere meu coração por parecer que eu acabei desistindo de algo que mostrava-se predestinado a mim em relação a todo este assunto meio abstrato, porém coloquial e revelador. A verdade é: mesmo com o passar dos anos, pedimos sempre paz, amor, luz, renovação, conquistas, prosperidade... Será que é porque nunca acontece o que pedimos, por nós não fazermos o que nos propormos a pedir? (NOTARAM COMO FUI REPETITIVO, USANDO PALAVRAS DIFERENTES?) É assim que somos. Todos os anos. Numa convivência tão mesquinha e cruel, nota-se que o ser humano, na maioria dos casos, é um imprestável. Mas um imprestável não condenável. Voltando à convivência mesquinha e cruel que vivemos, seria um pecado pensar em si mesmo antes de pensar em alguém? O egoísmo não é uma doença. Vira uma forma de proteção, de prevenir-se. O que não impede de fazermos a realização do que pedimos sempre nas viradas de ano. É que virou anormal gostarmos uns dos outros e passarmos as férias em família. Após ser egoísta e me afastar de tudo por duas semanas, notei na volta que o caminho para casa mostrou-se mais esperançoso. Não por ser um janeiro novamente, mas por ter sido egoísta em prol da minha família, coisa que nós deixamos de fazer durante boa parte do ano para acabarmos sendo bons nos negócios, na vida coerente, vida esta que eu adoro transformar em incoerente. O imprevisível é a melhor arma contra a inércia. Depois de dois domingos dando férias para meus dedos, minha mente, minhas vogais e consoantes limitadas, volto com a sensação de que quero mais. Quero mais textos, mais vogais, mais consoantes, mais desejos impossíveis. Quero ser mais, sem perder a essência. Quero ser o que muitos achavam que eu seria, mas do meu jeito certo de acreditar no meu coração. Infelizmente, nossas escolhas viram mágoas para alguns, mas nos tornam fortes por acreditar em nós mesmos. Sejamos mais 2012 e menos 2011, mesmo 2011 tendo sido um ano maravilhoso (maravilhoso até onde a saudade paterna deixa ser). Pense. O que eu escrevi está além de palavras preguiçosas que voltaram de férias.
E, ao voltar, Imperatriz estava banhada em sangue. Além do asfalto novo. Não sei se soa como má informação, mas não tenho como agradecer pelo asfalto se todo dia muda o benfeitor. Paciência comigo, a mente está deixando de ser egoísta aos poucos. Parece que o ano tem cara de promessa. Não estou falando de eleição.
Mas, sim, de uma nova chance de lavarmos nossa cidade, e a nossa alma, com um banho de inovação e amor.

Phelippe Duarte
Cronista e poeta