No princípio Deus criou os céus e a terra. Era a terra sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. Disse Deus: "Haja luz", e houve luz. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. Deus chamou à luz dia, e às trevas chamou noite. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o primeiro dia. Depois disse Deus: "Haja entre as águas um firmamento que separe águas de águas". Então Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam embaixo do firmamento das que estavam por cima. E assim foi.

Assim foi mesmo. E parece que perdemos o controle. A Cemar privatizou a luz. E agora, meu Deus? O que a Cemar faz diz que está na lei. Aumenta as cobranças de luz em porcentagens que um trabalhador que recebe um salário mínimo não entende sequer uma linha. Você tem o mesmo consumo. Abre a geladeira da mesma forma. Liga e desliga o ventilador, ou apenas a central de ar, no mesmo horário de sempre. Você apaga e liga as luzes somente quando necessário. Você pede pro seu filho dezenas de vezes para não deixar nada ligado sem necessidade. Fazemos as mesmas coisas e o valor, no outro mês, aumenta normalmente. Parece que vivemos açoitados pelas injustiças do comércio. As necessidades básicas da vivência cotidiana começam a incomodar. Não são mais despesas além da que temos, são as despesas fixas, que estão assombrando. Hoje você vive para trabalhar para ter uma vida digna. Mas quando começam a cagar na sua dignidade, a blasfêmia com o seu salário é, se não irritante, imoral. Imagine então, por este vasto Maranhão, que tem as taxas de energia mais altas do país, as famílias que têm que deixar de comer pra enxergar à noite? Deixam de fazer a feira de casa, porque a conta de luz veio o dobro do mês passado? Qual o objetivo disso tudo? Qual o interesse em tirar dos mais pobres. E mesmo os melhores de situação estão enclausurados numa dívida mensal que não compreendem! A matemática da Cemar está usando a lei como muleta. E ninguém aparece publicamente, da empresa, para nos explicar algo. Se você for lá ou ligar, será atendido educadamente, porém voltará sem explicações plausíveis. Não venha me dizer que é normal, pois não é. Nós temos uma vida, precisamos de luz. Não de mais contas de luz.

A solução, diante estas condições, é chamar Deus, quando estivermos em oração, é pedir pra voltarmos a viver nas trevas, tendo apenas a luz eterna do Nosso Senhor Deus como guia. O que já seria suficiente e, claro, bem mais barato.

Quando Deus criou o mundo, criou a luz, e não a Cemar. A Cemar, de repente, nos volta às trevas das contas altas. Não, aqui não quero causar nenhuma arruaça contra a empresa Cemar. Meu texto é pensamento interrogativo de muitas pessoas e motivo de pauta para vários vereadores, no caso Rildo Amaral, que também se intriga com este fato absurdo e não menos apocalíptico.

Na luz e na água criada por Deus, havia santidade e abundância para todos. Os tempos mudaram. Quando o homem descobriu um jeito de vender a luz, Deus não pôde fazer nada, a não ser olhar por aqueles que mais sofrem. Mas o Sol brilha para todos nós, e amanhã será um outro dia.

E ninguém sabe o que as trevas da revolta trarão mais à frente. É aguardar os próximos capítulos. Vou encerrar o texto, porque a vela está acabando e a cera já caiu nos meus dedos.