Phellippe

Chocante. Tragédia. Fatalidade. Acidente. Tristeza. Caos. Cacos de vidro. Para-brisa. Avenida. Caminhão. Carro. Dois irmãos. Uma família destroçada.
Na Avenida Pedro Neiva de Santana, o perigo não são os retornos, que são distantes. Não é a luminosidade, que é pífia. Também não é o alagamento durante as chuvas, inundando a avenida, que vira Avenida Rio Tocantins de Santana. Não é o asfalto de areia, fraco, parecendo pó. O perigo não são os buracos, verdadeiras crateras lunares espalhadas pela avenida. Não. O perigo maior na Avenida Pedro Neiva de Santana é a confiança e a imprudência gerada pela mesma nos motoristas. Sejam motoqueiros, grandes artistas de manobras radicais. Sejam os motoristas, que passam automaticamente numa velocidade sem necessidade. Sejam os pedestres ou ciclistas, que transformaram a avenida em uma pista de corrida. Todos geram o verdadeiro perigo no trânsito. A confiança da pista ser única. A confiança de que nada virá de frente. A confiança de que a pista aparenta estar boa. A confiança que gera a imprudência.
O acidente com os jovens que faleceram na quinta-feira deixa no ar a sensação de que estamos em uma cidade totalmente enlouquecida no trânsito. Deixa no ar uma sensação de realidade de perigo real. O nosso tráfego é uma loucura. Muitos motoristas dirigem no achômetro. Semáforo? Não existe o respeito do semáforo. Você observa o sinal amarelo e freia o seu veículo. Atrás, o cara buzina e enche teu saco, porque dava para passar, dava tempo! Ele deveria passar. E se você passasse, acertaria em cheio os carros que estão passando ainda, pois o sinal ainda está verde no outro semáforo. Pior, quando os carros atravessam no sinal vermelho, usam uma velocidade que espanta. Causam engarrafamento em um setor que não é para ter engarrafamento! O trânsito de Imperatriz está um caos. Está um lixo, é medonho, é podre. É fatal.
Os jovens irmãos, que morreram quinta, não precisam ser exemplos de que as ruas precisam ser mais sinalizadas. De que tudo está ao contrário em nossa cidade. Eles não precisam ser exemplos de que andar em alta velocidade é errado. Ou de que você atravessar a rua com o sinal de trânsito verde para os veículos é errado. Não precisamos de exemplos que geram dor. As leis de trânsito existem apenas no papel, dificilmente alguém as cumpre. Veja os arredores dos shoppings no centro da cidade. Estão cheios de placas na calçada de “proibido estacionar”. Mas o que você vê são vários carros estacionados em cima da calçada e os guardas de trânsito aplicando multa. “Pode multar”, muitos pensam ou falam.
O que me choca e me deixa abismado, estarrecido mentalmente, são os falsos jornalistas da internet. Blogueiros ou pessoas comuns com acesso simples à grande rede. Tudo bem que as informações hoje são mais rápidas, os acontecimentos são informados praticamente em tempo real. Mas quando a deterioração da moral é maior do que a informação, alguém está errado. Fotos dos corpos dos estudantes mortos na quinta estavam correndo pelo facebook e celulares com a mesma velocidade do acidente. Rápido. Fatal. Na cabeça do falso jornalista ele pensa que está dando um furo de reportagem ou que está prestando um grande serviço mostrando fotos que destroem o respeito, que propagam ainda mais a dor de uma perda. Imagine a mãe desses jovens sem saber do acidente. Ela entra na internet. E sabe por ali, através de fotos, da fatalidade? Imagine!!! Quem faz isso não pratica um furo de reportagem. Apenas dilacera ainda mais o furo que tem no cérebro. Nosso trânsito está um caos. Chegou a hora de tomarem medidas drásticas. Olha o quão drásticas são estas medidas: Respeitar os sinais de trânsito. Respeitar as faixas de pedestres. Respeitar cruzamentos,c ontornos e retornos. Respeitar as famílias que já perderam seus amores. E acima de tudo: Respeitar a vida, freando a imprudência.

Phelippe Duarte
Cronista e poeta