Dentro de um profundo sono, tente entender como é chato esse papo de amor. Amor é tudo o que não podemos ser hoje. E hoje era tudo que queríamos ser. Dá pra entender a diferença entre ser e estar nessa colocação? Como eu, como você, como nós podemos olhar para dentro do nosso coração e tentar entender por que precisamos das pessoas e por que as pessoas precisam da gente? Por quê? O amor não é mais o que pensávamos que era... agora é um cara muito puto, que nem pede licença para entrar no coração de outra pessoa. Isso mesmo, ele não precisa de ninguém. E assim construímos uma caminhada meio tosca, meio boba, meio fora do comum. E aceitar ou desaparecer? Não sei, não sabemos. Devemos apenas mergulhar nesse mar profundo que está a nossa frente e correr pra frente, sem medo de achar um amor. Achar um amor? E a certeza de encontrarmos, fica aonde? Não venha dizer que é dentro de nós, porque não é. Se for dentro de nós, já está na privada há muito tempo. O verbo temer é pior do que o verbo partir. Só temos que encontrar nossos sonhos, mesmo rolando a noite inteira no travesseiro e perguntando que horas o sono vem. Sei que é complicado para pensarmos em um amanhecer diferente, em um sonho em que nunca estaremos pulando de corpo em corpo...Mas o ideal seria apenas ser normal. Nada mais do que isso. Deixar as nuances fortalecerem nossos ideais mais profundos, este é o propósito. E onde há propósito em ideais fracassados e despretensiosos...? Pergunta retórica: há chance de amarmos alguém ainda nesse mundo, sem o propósito da eternidade? Sim, há. Inventaram as paixões, a covardia contra o amor. Porque o amor é abandonado por uma paixão, mas nunca, por nada, abandonaria a sua grande paixão. Entende-se a diferença disso tudo? Não quer dizer que você ama, que você é único. Não é porque é amado que pode ser pra sempre. A paixão sempre acontecerá, mesmo que por segundos. É importante não se esquivar. O amor não precisa ser testado, mas pode ser uma prova testar-ser para ver se o mesmo merece ir para a segunda fase: saber se é verdadeiro.
O nosso espírito jovem, nossa cabeça aberta para o mundo, é que ferra com tudo. Hoje, o amor é banal. As palavras que o definem são banais. É como se os macacos vestissem roupas e escrevessem os livros e revistas do mundo inteiro e os poetas começassem a comer bananas. Os babacas covardes é que são os verdadeiros detentores do amor. São os que, se provocados, mudam o mundo se preciso, para revolucionar a arte de amar. O espírito jovem fala mais alto quando gritamos com ele. EI, ESPÍRITO SAFADO, ACORDA! É DIA DE GRITAR PARA O MUNDO QUE VOCÊ AMA! Sim, é este o teste. Não precisa de avaliações egoístas por professores de opiniões formadas por livros de 200 anos atrás. É seguir sua estrada que, daqui pra frente, é você e o verbo temer correndo para fora, para o Sol, correndo por si, conjugando o verbo partir, sem ter que ir embora. Seria mais fácil viver na Lua? Lá tem buracos demais e já basta o buraco que você se meteu, para pensar em ir embora. Mas lembre-se: no fundo do poço, sempre existe água, sempre. Suja ou não, a sua sede de conhecimento pelo amor deve vir seguida da esperança de nunca desistir. Nunca. Mesmo as palavras mais chulas que definem o amor hoje são compostas da veracidade de não desistir de banalizar jamais. Banalizar o amor não é o projeto ideal de vida, existem pessoas que nascem para isso. Fugir de tal obsessão é coisa de maluco. Maluco este que sonha em ser tratado como tal, porque nem saber conjugar o verbo temer, ele sabe.
Somos uns cagões, na matéria de amar.
Edição Nº 15286
Palavras soltas pelo jornal
Phelippe Duarte
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