Phelippe Duarte
"Pai, pode ser que daqui algum tempo, haja tempo pra gente ser mais, muito mais que dois grandes amigos, pai e filho, talvez".
Phelippe Duarte: Pai, não há tempo que podemos te esquecer. Fomos e ainda em pensamentos somos grandes amigos. Porém não há talvez para sermos pai e filho.
"Pai, pode ser que daí você sinta qualquer coisa entre esses vinte ou trinta, longos anos em busca de paz".
Phelippe Duarte: Pode ser? Não. Sempre você sentiu paz, mesmo nos momentos mais angustiantes. Ao longo dos seus 50 poucos, pouquinhos. Sempre esteve em paz.
"Pai, pode crer, eu tô bem, eu vou indo, tô tentando vivendo e pedindo, com loucura, pra você renascer".
Phelippe Duarte: É verdade.
"Pai, eu não faço questão de ser tudo, só não quero e não vou ficar mudo, pra falar de amor pra você".
Phelippe Duarte: Eu nunca fiquei mudo, apenas houve dias em que dei vaga para meus olhos te amarem ao invés de simplesmente falar. E falar de amor pra você sempre foi em gestos inesquecíveis.
"Pai, senta aqui que o jantar está na mesa, fala um pouco, tua voz tá tão presa, me ensina esse jogo da vida, onde a vida só paga pra ver".
Phelippe Duarte: Sempre almoçamos na mesa; jantar, nunca. Você preferia algo mais divertido, algo mais na noite. Mas ensinou-me sempre que na vida há custos, há compromissos com o que fazemos. E que a vida paga e pede troco.
"Pai, me perdoa essa insegurança, é que eu não sou mais aquela criança que um dia, morrendo de medo, nos teus braços você fez segredo, nos teus passos você foi mais eu".
Phelippe Duarte: Ainda sou inseguro, mesmo na segurança dos meus atos. Sou criança aos teus olhos aí de cima, morrendo de medo, mas com a coragem que me destes. Ainda piso nos teus pés quando quero crescer um pouco".
"Pai, eu cresci e não houve outro jeito, quero só recostar no teu peito pra pedir pra você ir lá em casa e brincar de vovô com meu filho no tapete da sala de estar".
Phelippe Duarte: Você me viu crescer, me perdoe por eu não ter forças pra fazer com que você ficasse mais um pouco aqui comigo. No teu peito, contaria histórias do nosso novo dia a dia. Sei que estará comigo quando meu filho chegar. Você o trará pra mim.
"Pai, você foi meu herói, meu bandido. Hoje é mais, muito mais que um amigo; nem você, nem ninguém está sozinho. Você faz parte desse caminho...".
Phelippe Duarte: Você roubou tantos sorrisos meus, tantas gargalhadas. Você salvou-me tantas vezes, desde que abri os olhos nesta vida. Em todos os dias, sempre foi meu amigo, acima de tudo, meu herói preferido. Aquele, sem capa, que voa pro trabalho e salva o dia com uma piada gostosa. Você é meu caminho, que hoje eu trilho com meus passos nos teus.
Não quis tirar o foco da emoção da música. Será sempre uma contradição minha em alguns trechos, mesmo que irrisórios, perto do grande significado. Nunca lembrei do meu pai nesta música, existem outras canções totalmente menos óbvias. É que, meus amigos, eu não resisti em escrever por aqui nesta data. E lembrar a todos vocês que ter pai é um privilégio, mesmo na personificação de um avô, tio ou amigo. Saudade cotidiana, certeira e absoluta. Feliz Dia dos Pais, pai!
"...que hoje eu sigo em...paz".
Phelippe Duarte
Cronista, poeta e filho de Cleonir Ferreira Santos, aquele típico herói bandido.
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