No ano em que o Brasil foi confirmado para sediar as Olimpíadas, eu fui totalmente contra. Não porque sou antiesportes, ou não goste de praticá-los. É porque os representantes tanto do Comitê Olímpico quanto da política na época, que comemoravam efusivamente, eram os atletas do assalto com vara: Luiz Inácio, Sérgio Cabral e o dinossauro do Carlos Arthur Nuzman, preso na última quinta-feira, acordado dentro do quarto, pelo delegado da Polícia Federal. No cumprimento do mandado de busca realizada na casa de Nuzman, em setembro, foi encontrada uma chave de cofre de um banco suíço. Nuzman declarou, por meio de retificação à Receita Federal, que mantinha 16 barras de ouro, com um quilo cada, no exterior. Como o preço do grama do ouro, no momento, é de exatos R$ 129,56, as barras valeriam R$ 2.072.960,00. Ou seja:

o Brasil correndo atrás do ouro olímpico, sem saber que o ouro já estava bem guardado. Ainda por trás de toda essa falcatrua no esporte olímpico brasileiro, cabe mencionar o enriquecimento astronômico do presidente do COB: nos últimos 10 anos, dos 22 que passou à frente da entidade, o sujeito engordou o cofre em nada mais nada menos do que 457%, não havendo ainda sequer a ideia de onde vem todo esse faturamento. O que mais me chama atenção é que muito político ou presidente de entidade esportiva no Brasil enriquece da noite pro dia, no melhor estilo sonho americano, ou estilo americano de vida. É um sonho viver no Brasil, o país onde o orçamento é esturricado, sendo que é sempre estigmatizado como país de 3º mundo. Justamente por esses bandidos é que somos um país de 3º mundo.

Quando a notícia positiva da Copa do Mundo saiu para 2014 e para as Olimpíadas em 2016, eu escrevi na crônica EU QUERO É NÃO RIR DO RIO, publicada em 2009:

Eu trabalho todos os dias e pago meus impostos. Você também. Talvez o vagabundo que se cubra com este jornal para dormir não pague. Mas aquela porcentagenzinha maldita que vai para a União dói no bolso. Ainda mais sabendo que nós é que vamos pagar as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Você vai? Eu não vou. Pagarei pelo evento, mas não vou. Até porque, mesmo contra, prefiro a não empolgação mostrada pelo povo, para a realização da Copa do Mundo em 2014 no Brasil, do que a euforia factoide mostrada pelo mesmo povo, da conquista para sermos sede das Olimpíadas. O país virou primeiro mundo só porque ganhou de Madrid, Tóquio e Chicago. Eu me Chicago todo, imaginando o que nossos turistas esperam: os atletas ou os marginais.

(...) O preço final a gente que sempre paga, mesmo a festa sendo belíssima. Rio 2016 poderia ser Rio Tocantins 2016. Qualquer Rio não me surpreenderia, a título de política depreciativa. Só não quero rir do Rio, nem do Brasil (...)

A sorte foi lançada, e eu cantei a pedra. Não quis rir do rio, mas infelizmente, a piada pronta contada caiu no gosto da Polícia Federal. Carlos Nuzman, um senhor de idade, não precisava ter este desfecho medíocre, perto do fim da vida. Será que com a prisão do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, ele não imaginou que a compra de votos e a ocultação do patrimônio escandaloso no esquema montado nunca seria descoberto? Os atletas brasileiros, numa corrida contra o tempo, suam pela valorização pessoal da conquista e quase nunca ganham nada. O que resta é aplaudir o verdadeiro herói da Olimpíada, Carlos Nuzman, no pódio do 3º lugar da bandidagem. Em 2º, vemos Sérgio Cabral, chorando ao som do hino. E em 1º, rindo do país inteiro... sabemos que este atleta é o campeão. E que mesmo que Sérgio Moro não lhe dê a medalha das Olimpíadas, porque ele também deve estar no esquema, logo logo a reta final da corrida terminará. Meu champagne da vitória já está no gelo.