“Eu tive um sonho”. No dia 28 de agosto de 1963, Martin Luther King proclamou o discurso mais emblemático da história americana contra a segregação racial. Em determinado momento, ele diz: “...Cem anos mais tarde, o negro ainda vive numa ilha isolada de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, o negro ainda definha nas margens da sociedade americana estando exilado em sua própria terra...” Martin se referia há 100 anos atrás, em 1963.
As palavras do ativista social, ainda soam atuais. A morte de George Floyd apenas obteve protesto e retorno porque foi filmada. Longe de uma câmera, não aconteceria absolutamente nada. O policial, continuará policial. Talvez perca a condição. Talvez. É como se fosse uma luta entre um vendedor ambulante e o supermercado Mateus. Pra vocês entenderem. Um pode, o outro não. Ah, mais um gera milhares de empregos. Sim, mas o outro, gera um e também sustenta vidas. O racismo no planeta é uma condição que nos deixa na merda. Quando uma torcida é racista com um jogador, a posição social é a menor das preocupações de quem sofre a ofensa. O jogador é rico, famoso. O torcedor é um meia barriga de classe média, que quando incita suas ofensas, é mais rico e famoso que o jogador. Isso, na cabeça da vítima. Eu como jogador sofrendo a ameaça, faria um gesto de conta bancária $ para a arquibancada. Por que logo em seguida, eu iria pra minha Ferrari. Dizem que Pelé quando sofria preconceito não se intimidava, e deixava o público em silêncio, após uma jogada antológica ou um gol impensável. Pelé, dizia que essa era a melhor resposta que poderia dar. Mas ele foi além. E esse texto é muito sobre isso. Algumas partes do mundo, racistas, veneram ainda a raça ariana, a puritana. E essa mesma raça ariana, puritana, nasce e morre do mesmo jeito que os que eles dizem, não ser. Vão pra terrinha, da mesma forma. Pelé, é um dos homens mais conhecidos do planeta e reverenciado por monarcas e poderosos. Aplaudido de pé, há dois anos atrás, por quase 10 minutos, por todos no salão da premiação da Fifa. Pelé é um homem. Por ser quem é, negro deixou de ser um empecilho em muitos palácios, ele disse. O mundo se curva para ele. Michael Jordan, o maior jogador de basquete que o mundo racista já viu, é homem. Por ser quem é, negro, um tapa na cara da sociedade americana e mundial doente. O mundo, se curva para ele. Barack Obama, ex-presidente americano. Um homem. Negro. O mundo poderia se curvar aos seus desejos, apenas ao aperto de um botão.
“Eu tenho um sonho que um dia essa nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: Consideramos essas verdades como auto-evidentes que todos os homens são criados iguais. Eu tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos um dia viverão em uma nação onde não serão julgados pela cor da pele, mas pelo conteúdo do seu caráter. Eu tenho um sonho hoje.”
Seus filhos, ainda são julgados pela cor da sua pele, e não pelo caráter. Seus filhos, somos todos nós, transtornados como há 50 anos atrás, mas com a mesma cor de esperança no fundo dos olhos, pedindo sem entender, para que o mundo racista, morra de uma vez. George Floyd faz parte do sonho de um dia, nosso sonho, não ser esmagado por um joelho racista. Há 50 anos de seu assassinato, em 1968, Martin Luther King seja de onde estiver, ainda sonha com um mundo que nunca viu e ainda não existe
Phelippe Duarte- administrador e publicitário
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