Phellippe

Eu nunca fui de pedir nada em Natal ou acreditar em Papai Noel. Não cheguei a acreditar quando, menino, acordava e tinha presente debaixo da minha cama. Meu pai dizia: Papai Noel que trouxe. Tudo bem, eu ficava feliz demais. Natal é diferente. Porém hoje, não sendo hipócrita: a gente cresce. E o Natal, quando somos adultos, é uma festa somente comercial. Produtos que vendem, pessoas que compram. Nisso, eu acredito. A fantasia Papai Noel é usada como um escudo e estratégia de marketing. Por sinal, um dos maiores marketings da história da publicidade. Da humanidade, o maior conto de fadas, o maior mito, que envolve carinho e solidariedade. Somos humanos passivos de contos especiais. Ainda mais os de Natal. Toda criança sonha com o Papai Noel. E todo papai sonha com um Natal próspero. Em lucros. Realidade que, pode se dizer, eu estou sendo muito radical. Ninguém fala do Natal desta forma. Às vezes, é importante lembrar que como é uma época que fomenta empresas, lojas ou shoppings, é a mesma época mágica que envolve décimo terceiro para empresários. O que gera um crescimento maior nas vendas natalinas, 100% a data mais forte do ano. O Natal comercial é este. Existe um Natal que gostaria de compartilhar com vocês:
Este ano alguns presentes de Natal vieram mais cedo para nós. Os mensaleiros foram condenados e presos. Figurões acima da média do roubo estão atrás das grades. Considero Joaquim Barbosa um Papai Noel verdadeiro. Sem roupa vermelha, sem puxar saco (de ninguém). Chicoteando esses mensaleiros até o couro assar.
Sinceramente, é inconcebível, em pleno ano de 2013, ainda assistirmos situações que ainda comprovam como o ser humano pode ser deplorável, não importando a época do ano. Recentemente, uma idosa foi largada dentro da Igreja São Francisco de Assis pelos familiares. Atordoada, ela não sabia o que estava acontecendo, pois ninguém tinha ido buscá-la. Deixar na igreja é sinal de salvação? É aliviar a consciência pelo belo presente de Natal? E a compaixão? E a gratidão? Um dia, aquela senhora deve ter cuidado e mimado as mesmas pessoas que a deixaram de lado, como se fosse um saco de estrume.
É a realidade. Triste e chocante.
Neste domingo, o pedido que eu nunca fiz é o mais real que posso tocar. O presente que eu nunca imaginei embrulhado, é o que me faz chorar sem motivos. É o que me faz perder os sentidos e viajar sem mesmo sair de casa. Hoje é o batizado do meu filho Benício, o ser humano que me faz mais humano a cada dia que passa, me torna vulnerável toda vez que vejo um sorriso dele. Aquele sorriso que nós sabemos que é sem querer, pois ele não sabe o que faz ainda. Mas é aquele sorriso que nós compreendemos que é puro, que é amor. Que não tem maldade, apenas alegria e amor. Neste Natal, o meu presente não é um produto fácil de encontrar em lojas. A minha alegria não é um embrulho difícil de ser aberto. Meu presente não está em televisão com preço a prazo nem à vista. O meu presente encontra-se disponível no meu coração e aos meus olhos. Hoje começará sua caminhada abençoado mais ainda por Deus.
Apesar de nunca ter acreditado em Papai Noel, eu acredito na magia que o bom velhinho atrai envolto de toda a sua personificação de magia e carinho. Um acalanto para jovens carentes, sozinhos e sem pais. Uma divindade para crianças sonhadoras, que brincam de escrever uma cartinha para então serem presenteadas. Eu nunca acreditei, mas eu sempre vivi essa imaginação. Porque não importa quando a mentira é fantasia. Quando a mentira é pura, é amorosa. A mentira que faz o bem no Natal é a que aumenta a esperança de que um dia as pessoas serão cada vez capazes de serem melhores. Eu hoje sou um homem melhor. Eu sou pai. E tudo o que faço é pelo meu filho. E por ele eu contarei que Papai Noel sempre lhe visitará, não importando se ele acreditará ou não. O bom velhinho sempre estará conosco. Obrigado Noel! Você é a melhor imaginação das nossas vidas! Obrigado Joaquim Barbosa. O seu presente, eu confesso, este, eu pedi no Natal do ano passado.

Phelippe Duarte – Cronista e poeta