Envolvido pela guitarra mitológica e lendária de Bell Marques no carnaval, fiquei inerte e esquecido do que realmente importa na vida, quando falamos em essência e milagre: homenagear as mulheres. Foram dias pisando na areia e sentindo o cheiro do mar nas ventas e o vento, no rosto. Mas do que provavelmente eu pensaria não esquecer, por que a mulher que eu amo estava comigo e a que me gerou estava cuidando do homenzinho da minha vida. A acomodação do amor é corriqueira e não vemos nosso conforto em relação a isso e nem o desconforto, de quem espera no mínimo, uma ligação. Com a força das redes sociais, principalmente do aplicativo whatsapp e instagram, fica fácil dizer o que se pensa e mais fácil ainda, não ser realmente incomodado por isso quando o assunto é polêmico. Não é que homenagear ficou simples. É que os textos são repetidos todos os anos e na mesma data. Chato? Talvez. Mas lembrar de alguém que é importante todos os dias, somente num dia escolhido no calendário, soa meio hipócrita. Nesta ideia e neste sentido descrito, é que agradeço por ter esquecido de homenagear as mulheres no dia escolhido pelo calendário. Por que hoje, 16 de março, elas também tem a mesma importância do dia 08 passado. Imagine a sua vida sem uma mulher? Se parar para raciocinar, no mínimo nem teria nascido.

E para cuidar de nós? Não falo de mãe, profissão natural do abraço pronto, encarregadas oficiais da proteção mundial. Não. Antes de ser mãe, são mulheres. Mulheres que zelam. Como as mulheres voluntárias da AMPARE, Associação de Amparo aos Pacientes de câncer da Região Tocantina, que estão há 15 anos desenvolvendo um trabalho com amor, que tem como remuneração o sorriso e a gratidão de quem precisa de carinho e acolhimento. Mulheres que fazem de suas casas a casa de pessoas que veem a vida como um fim. Que fazem da sua cozinha, a cozinha de quem tem dificuldade de se alimentar, como uma criança sapeca. Que fazem da sua sala de tv, a sala de pessoas que somente precisam prestar atenção em alguma coisa, para esquecer um pouco do destino que lhes acomete. Mulheres que fazem da sua vida, o porto seguro para pessoas que não sabem mais se olhar no espelho, e identificar um rosto sadio. Nós vivemos a vida que temos que viver e isso às vezes, basta. Mas quem tem um compromisso voluntário, sai da sua zona de conforto e do egoísmo impróprio. A combustão para acordar e levar suporte para as pessoas, que são pacientes de câncer, é simplesmente o amor ao próximo. A mulher até hoje subjugada sabe que estamos vivendo outra época. O mundo está mais rápido, mais acelerado. As pessoas tem mais pressa, estão mais interligadas e incrivelmente, preocupadas com o próximo. Esta quinta última, fez um ano do assassinato da vereadora Marielle Franco, do Rio de Janeiro. Uma voz feminina no meio de tanto ódio e esperança. Sucumbida ao ódio, morta no melhor estilo filme de máfia de Hollywood, o crime agora começa a achar suspeitos. Uma mulher que se preocupava com o próximo e não media esforços para gritar seus ideais. Quando achamos que não cabe mais lugar para atrocidades como esta, somos surpreendidos pelo mundo, com um tapa na cara certeiro. Por outro lado, ações como das voluntárias da AMPARE, nos oferecem um beijo na face, mostrando que por trás desse mundo violento e mesquinho contra as mulheres, especificamente, podemos ser melhores. Tratá-las, como realmente merecem, não somente no dia 08 de março, mas como um sábado qualquer, 16/03. Para todas as mulheres e mulheres mães, minha idolatria.

Ou você acha que só posso falar das mães no mês de maio?

Phelippe Duarte – administrador e publicitário