No fim de semana retrasado e no passado, eu defendi que Jair Bolsonaro era o homem certo para nos guiar no meio dessa crise econômica, que envolve a saúde de uma forma avassaladora. Mas como Bolsonaro adora discordar de quem acha que está certo/errado, ele também não concordou comigo, e de maneira absoluta, mostra para mim, um despreparo político tão forte quanto um sintoma de Covid-19. A saída de Sérgio Moro, pela exoneração pedida ( pedida por pressão) de Maurício Valeixo, é desconfortável para todas as camadas políticas e democráticas do país. Bolsonaro que foi do exército, gosta de treinar tiros, mas contra si mesmo. O seu pé está cravado de balas. Cada passo dado politicamente por ele, é um tiro no pé, uma demonstração de que a cada dia que passa no planalto, Bolsonaro pensa que pode governar o país sozinho. Não é assim que funciona. Não é futebol. Ele não é Garrincha, não é Maradona, não é Romário. E mesmos estes citados, tiveram grandes homens atrás da linha de defesa e na construção de jogadas nas Copas do Mundo que venceram. Bolsonaro ainda assim, insiste em jogar uma partida sozinho, como se tudo fosse uma partida de vídeo game. Sérgio Moro é um homem sério. Com ele não tem duas palavras. Imponente, importante na campanha da eleição de Bolsonaro ( pois era citado como possível Ministro da Justiça, e assim foi), Moro confirma a sua postura como homem e como cidadão lapidado pela justiça, dignidade e hombridade. Defende o país como deve ser defendido. Após sua saída do governo, quem está em plenas condições de fazer o papel do homem forte, do Harvey Dent ( antes de virar o Duas Caras claro), paladino da justiça? Bolsonaro deve ir atrás do Capitão América. O Capitão recusaria. Steve Rodgers é patriota, mas humano e sociável em primeiro lugar. Sendo assim, Bolsonaro poderia correr atrás do Super –Homem. Mas este logo sairia, porque Bolsonaro carrega kryptonita nos bolsos. Estamos sem opções por que Jair Bolsonaro e seus três filhos, Eduardinho, Flavinho e Carlinhos, estão pensando e tramando alguma coisa. Desde a saída de Mandetta, que em parte eu concordei, havia no ar um cheiro estranho, uma tentativa de pensar, racionar, imaginar, um golpe militar. Eu duvido, mas não me surpreenderia. Todas as ações de Jair Bolsonaro, suas atitudes e inquietutes, me fazem pensar seriamente que estão tramando um golpe militar. Posso estar errado, mas o que pensar de um presidente que age totalmente contra todos os pilares de sustentação do seu governo? Perder Sérgio Moro, é ganhar um adversário, o melhor de todos. Fora isso, Moro tem ampla razão: Bolsonaro queria dados e informações de investigações da Policia Federal. Isto é um completo disparate. É o mesmo que o presidente invadir propriedade particular, por achar que por ser o presidente, tem o direito de fazer. Não é assim que a banda toca. Bolsonaro está sendo um verdadeiro avestruz, cavando um buraco para enfiar a cabeça, com um procedimento braçal descomunal. Ele não é a lei. Ele não determina as regras do jogo. O fato dele pensar em interferir politicamente na PF, e de perder Sérgio Moro, como quem perde a hora de ir ao banco, me dá o direito de pensar em golpe militar sim.
Jair está mais perdido politicamente que Bolsonaro. Ele, e quem ainda está do seu lado politicamente, sabem o que querem e ao traduzir o que querem em ações, se afundam sem salva vidas por perto. Sérgio Moro é um pilar da justiça brasileira. Bolsonaro é um ex-deputado federal eleito presidente, que começa a dar um trabalho político desgraçado, no meio de uma pandemia econômica mundial. Moro é um símbolo tão grandioso, que abriu a concorrência pela cabeça do presidente. O slogan político Bolsonaro, em sua cabeça, começa a tomar forma: Bolsonaro acima de tudo, Deus acima de todos. Se isso for tema de sermão religioso, em uma missa não vai dar ninguém. E olha só: Bolsonaro acaba de demitir o ‘’ninguém’’.
Phelippe Duarte - administrador e publicitário
Comentários